Arquivo de Cat Stevens

Yusuf Islam: Memória do existencialismo pop nos tempos de Cat Stevens

Posted in Religião, Word Music with tags on 28 de Fevereiro de 2009 by gm54

Em 1970, Cat Stevens editou “Tea for the Tillerman”, um conjunto de canções que serviram de primeira profecia: este era um músico inquieto, rodeado por problemáticas existenciais sem resposta aparente. Era o início de um percurso que o levou à conversão muçulmana e à mudança de identidade

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1970 foi revelador: Bitches Brew (Miles Davis), John Lennon/Plastic Ono Band, Bryter Later (Nick Drake), All Things Must Pass (George Harrison) ou The Madcap Laughs (Syd Barrett) afirmavam em conjunto que o sonho de 60 terminara, longe de concretizado. Baralhavam-se referências e descobriam-se novas inspirações. Mas permanecia a crença numa mudança futura, lado a lado com protagonistas como a Guerra do Vietname. Cat Stevens descobria o seu caminho artístico neste entretanto, com Tea for the Tillerman – punhado de canções sobre dúvidas espirituais, dores de crescimento e questionamento ecológico. O disco é agora reeditado, revelando como foi início da conversão deste Cat para Yusuf Islam, transformado em filantropo espiritual durante três décadas.

Poucas vezes é apontado como referência – nunca cultivou mistérios suficientes para ser estrela pop para idolatrar. Mesmo agora, quando volta a apresentar Tea for the Tillerman (em formato remisturado e ampliado), prefere não esconder nada. Num texto assinado com um simples “Yusuf” (deixou de usar o Islam, diz que a palavra não necessita de “propaganda gratuita”), Steven Demetre Georgiou (baptizado a 21 de Julho de 1948 por uma ascendência grega cipriota e sueca) recorda que escreveu Father and Son porque o preocupava o diálogo com a realidade transcendental, que Wild World é um desgosto de amor – assunto intemporal, tal como a existência. Em 1968, Cat Stevens experimentava os primeiros sabores de uma receita de sucesso, a mesma que ia invadindo as ruas de Londres. No entanto, cedeu a uma tuberculose de difícil recuperação, que o levou a compor como nunca tinha feito até então, escrevendo títulos como But I Might Die Tonight ou On The Road To Find Out. Entre hospitais e estúdios de gravação sentiu ausências e descobriu motivações.

Só em 1978 se converteu ao islão, depois de uma experiência de quase morte no mar da costa da Califórnia. Revelou em diferentes entrevistas que, entre ondas e correntes, exclamou “meu Deus, se me salvares entrego-te a minha vida”. Descobriu mais tarde, numa viagem a Marrocos, o que chamavam de “música para Deus”. Pouco depois era leitor do Alcorão e desistia da carreira de músico no auge do sucesso: era o mais importante nome do catálogo da Island Records, com 60 milhões de discos vendidos. A música tornava-se mero instrumento de adoração, em que a voz deveria ser acompanhada apenas por percussão. Uma simplicidade próxima de Tea for the Tillerman, na verdade, documento assente nas harmonias de guitarras acústicas que nunca se sobrepõem às palavras cantadas. Era folk britânica transformada em pop, despojada mas, ainda assim, excessiva para um homem que agora era Yusuf, por paixão a José, filho de Jacob, exemplo dado pelo Alcorão.

Leiloou os seus instrumentos e afastou-se, acreditando que a cultura do ego que a pop exigia era proibitiva. Dedicou-se por inteiro ao seu novo ser muçulmano, fundando a Islamia Primary School, escola muçulmana de Londres. No entanto, não fugiu a novos ódios, quando no final dos anos 80 foi tido como apoiante da condenação à morte de Salman Rushdie, autor dos Versículos Satânicos. Nos anos 90, a mediatização das suas lutas por causas como as vítimas da guerra dos Balcãs trouxe-lhe novo alento junto de um público que continuou a ser-lhe fiel – Yusuf vende, ainda hoje, cerca de milhão e meio de discos por ano. A luta por uma maior compreensão e tolerância face ao Islão por parte do Ocidente transformou- -se em prioridade, sobretudo depois do 11 de Setembro, que publicamente condenou.

Rendeu-se às evidências em 2006, com a edição de An Other Cup. A música, na sua abrangência instrumental, era-lhe essencial. Voltou aos discos, num regresso que motivou também a reapresentação da obra que dele fez músico de corpo inteiro. Tea for the Tillerman é reedição óbvia ao representar uma visão quase profética da mudança que diz ter resultado no cumprimento de um “ciclo completo”.

Yusuf Islam grava canção em benefício a vítimas em Gaza

Posted in Word Music with tags , , on 27 de Janeiro de 2009 by gm54

Yussuf Islam, o legado do amor e da paz para o Médio Oriente

Yussuf Islam, o legado do amor e da paz para o Médio Oriente

O cantor britânico Yusuf Islam lançou na segunda-feira uma canção criada para fins beneficentes e cuja receita será doada a uma agência das Nações Unidas que ajuda refugiados na Faixa de Gaza.

O cantor, que mudou seu nome original, Cat Stevens, para Yusuf Islam quando tornou-se muçulmano, vai doar o dinheiro obtido com “The Day the World gets Round” à UNRWA, a agência das Nações Unidas de assistência aos refugiados palestinos, e à organização Save the Children, para ajudar famílias na Faixa de Gaza, anunciou a UNRWA em comunicado.

Gravada originalmente pelo falecido ex-beatle George Harrison, a canção tem Islam nos vocais e Klaus Voorman, conhecido por muitos como o “quinto beatle”, no baixo.

Islam disse que espera que a música “ajude a lembrar às pessoas do imenso legado de amor, paz e felicidade que podemos compartilhar quando reflectimos sobre as guerras e os preconceitos inúteis da humanidade e começamos a mudar nossos hábitos tolos”.

A agência da ONU também está exercendo papel de liderança nos esforços de recuperação depois da guerra, além de fornecer educação, atendimento de saúde e serviços sociais. Isso inclui escolas para mais de 196 mil crianças e assistência alimentar a mais de 750 mil refugiados.

A canção está disponível para download no endereço http://www.jamalrecords.com/cgi-bin/commerce.cgi?display=home.