Arquivo de Eco-Turismo

Estrangeiros detidos por caça ilegal de elefantes

Posted in Vida Animal with tags , , , , on 8 de Julho de 2009 by gm54
Milhares de animais protegidos são abatidos em todo o país por falta de fiscalização

Milhares de animais protegidos são abatidos em todo o país por falta de fiscalização

A Polícia moçambicana (PRM) deteve a 25 de Junho último dois cidadãos estrangeiros, na cidade da Beira, capital da província central de Sofala, por crime de abate ilegal do animal protegido, caça em período de defeso, posse ilegal de armas de fogo e furto de dispositivo electrónico.

Segundo o Departamento de Comunicação do Parque Nacional de Gorongoza (PNG), trata-se de Victor Ildefonso Anselmo, 47 anos, e Juliene Raymond, 56 anos, de nacionalidade portuguesa e francesa respectivamente.

Ambos são indiciados de abate ilegal de um elefante e apoderado indevidamente de um colar – transmissor do sinal via satélite do PNG, no dia 18 ou 19 de Junho último, perto de Chiramba, no distrito de Chemba.

Segundo o director do Departamento de Conservação do PNG, Carlos Lopes Pereira, “o elefante denominado G4, facilmente identificável pelo colar – transmissor de grande porte que levava ao pescoço, movimentava-se, frequentemente, entre o Parque e o rio Zambeze, passando pelas Coutadas de Caça, facto conhecido pelos responsáveis e pelas comunidades”.

Os seus movimentos e a sua posição geográficos eram permanentemente monitorizados a partir do sinal de satélite que emitia. O mesmo dispositivo emitia também o sinal via VHF captável pela radiotelemetria, tecnologia esta que permitiu a localização do acessório, e consequente detenção, na cidade da Beira, dos autores do seu furto e do abate ilícito do paquiderme em alusão, pela Polícia.

No entanto, de acordo com a fonte, entre os dias 12 e 19 de Junho findo, o seu sector notou através de leitura dos movimentos que o animal se deslocava pouco, tendo deduzido que o mesmo estivesse eventualmente ferido.

Mais tarde viria a parar definitivamente, o que levou o PNG a acreditar que o mesmo poderia ter morrido naturalmente ou sido abatido por caçadores furtivos.

As investigações posteriores com vista a aclarar o assunto viriam a confirmar o ferimento do animal no dia 12 de Junho último e sua morte entre 18 e 19 do mesmo mês.

Segundo Pereira, no dia 20 de Junho de 2009, o sinal fornecido pelo satélite movia-se em direcção à uma residência no Chiveve, a Sudoeste do Município da Cidade da Beira.

O mesmo foi transmitido, no dia seguinte, pelas cerca das 22.25 horas, e desaparecido depois, situação que só pode acontecer como resultado da destruição ou ocultação do colar transmissor dentro de contentor ou edifício, explicou Pereira.

Perante estes indícios, no dia 24 e 25 do mesmo mês, o Departamento de Conservação encetou contactos junto à PRM, à Polícia de Investigação Criminal (PIC) e à Procuradoria da República, ao nível da província com vista a localizar os presumíveis responsáveis no abate delituoso do elefante protegido para responderem em juízo sobre os crimes que pesam sobre eles.

Prosseguindo, Pereira disse que, no dia 25 de Junho, com o mandado de busca e apreensão nas mãos, agentes da PIC e elementos do PNG dirigiram-se ao local suspeito na cidade da Beira, e iniciaram as diligências para localizar o dispositivo.

“Quando chegamos nas proximidades do sítio, activamos o sistema VHF, na frequência específica do G4, tendo demonstrado a presença do dispositivo de emissão do sinal na casa sob suspeita”, explicou Pereira.

“Depois de alguma resistência passiva por parte dos ocupantes da moradia alvo de busca, na tentativa de deslocarem o colar para a bagageira de uma viatura fora do apartamento, os polícias conseguiram introduzir-se no seu interior sem, no entanto, usar a força, tendo prendido Victor Anselmo, ligado a empresa Ideal Safaris, e a sua comparsa, Juliene Raymond”, acrescentou a fonte.

Caça furtiva, uma chaga em Moçambique

Caça furtiva, uma chaga em Moçambique

Na ocasião, a Polícia apreendeu seis armas de vários calibres, grande quantidade de munições, um colar transmissor, cinco pontas incluindo os dentes e patas do elefante G4, e vários trofeus de búfalos, sem as respectivas licenças ou documento de propriedade.

Segundo Pereira, um dos marfins confiscados, já devidamente acondicionado conjuntamente com outros produtos de caça para a exportação, pesava 55 kg e media mais de 3,70 metros, tamanho considerado de património nacional e proibido de sair do país.

De acordo com o PNG, os implicados na autoria de crimes de caça ilegal continuam detidos e com a prisão legalizada.

A Administração do PNG alega prejuízos de cerca de 50 mil dólares norte-americanos, correspondentes aos custos de captura, transporte do elefante de África do Sul para Moçambique, e aquisição de equipamento de monitoria para determinar a sua posição geográfica via VHF e satélite.

Por outro lado, a mesma direcção agradece a cooperação e a excelente actuação da Polícia, na localização e detenção dos indiciados no abate do elefante e no furto do colar transmissor.

Refira-se que o elefante morto foi introduzido, ano passado, no PNG, translocado do Parque Nacional do Kruger, num conjunto de seis machos escolhidos de entre os que reuniam melhores características fenotípicas e genotípicas, com o objectivo de regenerar o fundo genético da população existente, largamente sabotada nas décadas de 80 e 90, como resultado dos abates incontrolados.

Segundo Pereira, “o presente caso indica a existência de caça ilegal e indivíduos sem escrúpulos capazes de matarem o que lhes aparece pela frente para fins ilícitos e lucro fácil.”

Enquanto isso, o PNG aguarda o desfecho do caso e o posicionamento das autoridades responsáveis pelo licenciamento de caçadores, coutadas de caça e fazendas do bravio e da emissão de licenças de abate.

Quirimbas: ontem eram os BA’s. Hoje são os AB’s”

Posted in Uncategorized with tags , on 14 de Maio de 2009 by gm54
Localização do Parque Nacional das Quirimbas

Localização do Parque Nacional das Quirimbas

Por Edmundo Galiza Matos e Domingos Paulo em Pemba

A população do posto administrativo de Mucojo, na província de Cabo Delgado, tem estado a exigir indemnização ao Parque Nacional das Quirimbas alegando ter perdido parentes e culturas agrícolas causado pela acção de animais bravios sob protecção rigorosa.

A exigência dos peticionários foi encaminhada ao governo local exactamente quando as autoridades procediam a entrega às comunidades circundantes do parque de um valor monetário não especificado proveniente de parte das receitas das actividades do eco-turismo.

A lei moçambicana determina que 20% das receitas geradas naquele e outros parques nacionais bem como da exploração de recursos florestais e outros, sejam investidos em infra-estruturas sociais, como escolas e unidades de cuidados sanitários.

Alguns populares presentes naquele encontro, informaram que em consequência do que é vulgarmente chamado de “conflito homem-animal”, perderam muitos bens agrícolas e outros devido à acção dos elefantes existentes no parque em número não quantificado.

Mussa Bacar, um dos peticionários, queixou-se da morte de um dos seus filhos apanhado nas malhas de uma manada de paquidermes desgarrados, saídos dos limites do Parque Nacional das Quirimbas.

Bacar relatou que no dia do fatídico acontecimento, a fúria dos elefantes foi tal que tudo o que encontraram pela frente foi destruído, incluindo os coqueiros e outras plantas, para além de um campo de cultivo de arroz, que lhe serviam de sustento.

Pelos depoimentos registados na altura, ficou patente uma certa incredulidade dos populares face ao que consideram uma exagerada protecção da fauna bravia das Quirimbas em detrimento da defesa dos interesses das comunidades.

Em consequência disso, o “conflito homem-animal” e as medidas proteccionistas da fauna bravia – muitas das quais chocam com os hábitos ancestrais das comunidades – entraram no leque das anedotas populares e suscitam os mais irónicos comentários.

Tão simples quanto a imaginação popular é capaz de fabricar trocadilhos até numa língua que não dominam: antes, afirmam os lesados pela guerra civil de ontem, não tinham a protecção armada contra as constantes investidas dos “Bandidos Armados” (BA’s) e hoje, para o seu desagrado, não têm a protecção armada contra os “Animais Bravios”(AB’s).

“Armas de piri-piri” e vedação electrificada como protecção ken_leopard1

José Dias, Administrador do Parque Nacional das Quirimbas, não assumiu nenhuma posição relativa à indemnização exigida pela população do Posto Administrativo de Mucojo, dando a saber apenas que a instituição, ela própria, está preocupada com os acontecimentos, adiantando apenas que medidas estão a ser equacionadas tendo como meta mitigar as causas e efeitos deste conflito “Homem-Animal”.

Para já o Parque Nacional das Quirimbas possui armas de fogo, algumas das quais da marca “Mauser” a que se juntam um lote de “armas de piri-piri” (*) recentemente adquiridas e ainda em fase de experimentação para aferir da sua eficácia. Em fase de experimentação está também o fogo de artifício.

No vizinho distrito de Quissanga, integrado no Parque das Quirimbas, poderá ser instalada uma vedação eléctrica destinada a dissuadir os animais de se afastarem do seu habitat.

Todo este arsenal destina-se a afugentar os animais ou, em último caso, para o seu abate. Em Mucojo esta tarefa está a cargo de quatro funcionários munidos de uma arma de fogo, incapazes de controlar as incursões da fauna bravia sobre os campos de cultivo das populações.

Próximo do Parque Nacional das Quirimbas está a Reserva de Messalo abrangendo um outro posto administrativo, o de Quiterajo, também no distrito de Macomia.

Moçambique

Moçambique

Na província de Cabo Delgado, o conflito homem-animal não se circunscreve apenas aos distritos que integram o Parque Nacional das Quirimbas, nomeadamente, Quissanga, Macomia e Pemba-Metuge banhados pelo Índico e ainda os do interior, designadamente Meluco e Ancuabe.

Mais a norte da província, junto à fronteira com a Tanzânia, a “guerra” entre o homem e os animais bravios tem como palco os distritos de Palma (costeiro), Nangade e Mueda.

Para muitos defensores da vida animal o actual conflito desencadeado pela invasão dos espaços onde sempre viveram e coabitaram os animais e não contrário. Quer dizer: o homem é o principal culpado do actual estado das coisas. Foi ele que se atravessou pelos carreiros e fontes de água há milhares de anos trilhados e utilizados pelos animais, sobretudo pelos elefantes.(X)