Arquivo de Radio Moçambique

Fio da Memória: a Rádio Moçambique vai lembrar Leite de Vasconcelos, um dos fundadodores deste programa há 20 anos

Posted in Radiodifusão with tags , on 23 de Janeiro de 2010 by gm54

Leite de Vasconcelos e António Fonseca (fundadores) e João de Sousa, actual realizador do "Fio da Memória"

Leite de Vasconcelos deixou-nos há 33 anos. Foi a 29 de Janeiro de 1997. Um telefonema vindo dum hospital de Joanesburgo transportava a triste notícia do seu desaparecimento fisico, daquele que foi o primeiro responsável pela realização do programa “Fio da Memória” de parceria com Carlos Silva, na altura em que António Alves da Fonseca era Director Comercial desta Rádio.

Um programa da RM que completou os seus 20 anos de existência em Outubro de 2009.

O “Fio da Memória”, na sua edição do dia 24, domingo, não podia deixar de lembrar esse facto naquilo que é, no dizer de um dos seus realizadores, a “nossa singela homenagem ao homem e ao profissional. Homem de rádio e televisão. Jornalista e poeta”.

Serão transmitidos extractos da última entrevista que ele concedeu, e onde Leite de Vasconcelos, entre outras coisas, refere-se às suas vivências musicais. Às canções que tocou na Rádio, mas especialmente às canções que o regime da época não deixou que ele tocasse. Nessa entrevista, a ser reposto este domingo (24), ele recorda-nos que a sua paixão pela rádio, começou muito fora dos Estúdios.

O “Fio da Memória” é produzido por João de Sousa e Carlos Silva. É transmitido aos domingos na Antena Nacional a partir das 09.05 horas e pode ser escutado na Internet em www.rm.co.mz

Sandokan, inédito de Hugo Pratt, e adaptado para o teatro na Rádio Moçambique, chegou às livrarias em França

Posted in Artes Plásticas with tags , , , , , , , , on 5 de Setembro de 2009 by gm54
Sandokan manteve-se inédito até aos nossos dias provavelmente devido ao êxito do Corto Maltese, o herói mais conhecido de Hugo Pratt

Sandokan manteve-se inédito até aos nossos dias provavelmente devido ao êxito do Corto Maltese, o herói mais conhecido de Hugo Pratt

Uma versão em banda desenhada de Sandokan, “O Tigre da Malásia”, da autoria de Hugo Pratt, acaba de ser editada em França pela editora Casterman, meses após a publicação em Itália.

A banda desenhada foi encomendada a Hugo Pratt, no final dos anos 1960, pelo “Corriere dei Piccoli”, um suplemento infantil do diário italiano “Corriere della Sera”, mas manteve-se inédito até aos nossos dias provavelmente devido ao êxito de “Corto Maltese”, que o autor começou a desenvolver na mesma época, lê-se no site da editora francesa.

Sandokan, “O Tigre da Malásia”, foi muito popular em Moçambique nos finais da década de 70, quando a Rádio Moçambique decidiu passar a obra para o teatro radiofónico no programa “Cena Aberta”.

A saga foi adaptada por Gulamo Khan e Leite de Vasconcelos e realizada por Álvaro Belo Marques, Carlos Silva e António Scwhalback.

Leite de Vasconcelos

Leite de Vasconcelos

Teodósido Mbanze, hoje assessor jurídico da Rádio Moçambique, desempenhou o principal papel, “Sandokan”, enquanto Machado da Graça representou o de James Bruck, Santa Rita (hoje nos EUA) esteve no papel do “português” Eanes e Teresa Sá Nogueira, já falecida, era a bela e misteriosa jovem inglesa – Lady Mariana.

O “Cena Aberta” de Sandokan, “O Tigre da Malásia” da Rádio Moçambique, era transmitido todos os dias depois do noticiário das 21 com uma audiência tal que as ruas da cidade de Maputo ficavam desertas àquela hora para escutar as peripécias do príncipe malaio, inimigo dos ingleses.

Recorde-se que à época não existia em Moçambique nenhum canal de televisão, pelo que a Rádio era o único meio de comunicação acessível à quase totalidade dos moçambicanos. A televisão só viria a ser instalada em Moçambique em 1980, a TVExperimental, nas mãos do governo, com José Luís Cabaço à frente do projecto.

Machado da Graça, "James Bruck" no Sandokan, "O Tigre da Malásia" na Rádio Moçambique

Machado da Graça, "James Bruck" no Sandokan, "O Tigre da Malásia" na Rádio Moçambique

Já sem uma audiência por aí além, o “Cena Aberta” continua a ser transmitido na empresa moçambicana de radiodifusão pública, aos sábados, as 21 horas.

Gulamo Khan e Leite de Vasconcelos, já falecidos, Santa Rita e Machado da da Graça, foram jornalistas da Rádio Moçambique.

História do “Tigre da Malásia”

A história do “Tigre da Malásia” não foi alimentada por Pratt além de desenhos e pranchas dispersos, tendo sido posta de lado por volta de 1973, quando o “Corriere della Sera” se limitava a uma trintena de páginas. Esquecidas numa caixa na editora, as pranchas da história inacabada de Sandokan de Pratt foram finalmente redescobertas pelo jornalista Alfredo Castelli, 40 anos mais tarde, encontrando finalmente o caminho das livrarias. A editora italiana de Pratt, Rozzoli-Lizard, foi a primeira a publicar este trabalho, já em 2009.

A saga de Sandokan foi criada pelo escritor italiano Emilio Salgari (1862-1911) que lhe dedicou onze livros, uma obra clássica da literatura de aventuras. Os desenhos de Pratt contam o início da saga, situada em 1849 no mar da Malásia, a algumas milhas da costa ocidental do Bornéu. Na ilha selvagem de Mompracem assolada pela tempestade, encontra-se uma inquietante personagem: o príncipe malaio Sandokan, um temido pirata que os ingleses pretendem capturar e que é conhecido por Tigre da Malásia.

Uma personagem central é o aventureiro português Eanes, leal amigo de Sandokan. É ele quem fala ao pirata sobre uma jovem esplêndida com cabelos de ouro que mora em Labuan e cuja reputação de beleza se expandiu por toda a região.

Galvanizado pela descrição do seu amigo, Sandokan decide fazer-se ao mar rumo a Labuan, para contemplar com os próprios olhos a bela e misteriosa jovem – Lady Mariana – e para se vingar dos ingleses que assassinaram a sua família.

A existência do “Sandokan” de Hugo Pratt era referida no livro de Dominque Petitfaux “De l’autre côté de Corto”, editado pela Casterman em 1996. Mas ninguém tinha visto esta história inacabada e inédita, adaptada em texto por Mino Milani a partir da obra de Salgari.

Hugo Pratt nasceu em Rimini (Itália) em Junho de 1927 e morreu em Grandvaux (Suíça) em Agosto de 1995. O mais conhecido herói de Pratt é Corto Maltese, cuja primeira aparição data de 1967, na revista Sgt.Kirk. O marinheiro romântico era então uma personagem secundária.(X)

Grupo RM: o CD que todos aguardam

Posted in Uncategorized with tags , , , , , on 6 de Agosto de 2009 by gm54

Zeca Techeco e Sox, os fundadores do Grupo RM

Zeca Techeco e Sox, os fundadores do Grupo RM

O Zeca Tcheco prometeu e dele não temos motivos para duvidar: vem aí um CD da autoria do Grupo RM, o primeiro que esta mítica banda da música ligeira moçambicana vai lançar com a chancela da empresa pública de radiodifusão do nosso país: a Rádio Moçambique.

“Já se impunha e … não é justo que os fãs do grupo, dos mais velhos aos mais novos, continuem sem um disco do “RM”, assim justificou este baterista de créditos firmados quando o indaguei sobre que motivos levaram a banda a avançar só agora para a produção do CD.

Uma obra que está a ser preparada faz um bom pedaço de tempo, com todo o cuidado “para não decepcionar”, devendo estar disponível no mercado nacional até ao fim do ano.

O ânimo dentro do grupo é evidente uma vez que os dez temas do prometido CD estão a ser gravados num estúdio “de nível internacional” e provavelmente o melhor que alguma vez existiu em Moçambique. Trata-se de um equipamento digital semelhante ao que funciona na rádio pública dinamarquesa, instituição que, no quadro da cooperação com a RM, financiou a sua aquisição e montagem.

Os três mais velhos da banda, Zeca Tcheco (bateria), Sox (viola solo) e Wazimbo (voz) – que vêm do grupo original criado em 1978/79 – coadjuvados por outras “performances” mais jovens – estão a aliar a linha melódica que caracterizou sempre a banda e a natural “irreverência” dos mais jovens integrantes: Pipas (teclados), Tomás (violo solo) e Nando (viola baixo e voz).

Pipas, o tecladista, um dos novos integrantes da banda da Rádio Moçambique

Pipas, o tecladista, um dos novos integrantes da banda da Rádio Moçambique

Pelo menos três temas conhecidos integrarão a obra, nomeadamente “Xika galafula” de Alexandre Langa, “Nakurandza” e “Djika” de Wazimbo. “Com uma roupagem diferente e tecnicamente mais apurada do que as versões originais”, promete o líder da banda, Zeca Tcheco. Inéditas, entre outras, esperam-se “Maninja”, “Mamana” e “Muli hefo”.

Esclareça-se que obras musicais de inigualável valor gravadas pelos integrantes do Grupo RM estão disponíveis em muitas discotecas públicas e privadas. Estamo-nos a referir dos discos gravados pelas orquestras Marrabenta em 1986 e Moya em 1990 e onde pontificavam nomes como Mingas e Dulce, José Guimarães, Milagre Langa, Stewart Sukuma, Lemon e Matchote.

Aguardemos então por esta primeira obra do grupo de todos os moçambicanos e, tanto quanto nos afiançou o Zeca, será uma grande prenda de por ocasião do fim do ano de 2009.

Espectáculos: para ver e não para ouvir

Posted in Uncategorized with tags , , , , , , on 18 de Julho de 2009 by gm54

Collage Poster ao jazz

Por Edmundo Galiza Matos

“Os músicos podem ser muito diferentes mas o objectivo é sempre o mesmo: tocar as pessoas emocionalmente através do som”. Brandford Marsalis, “Público”

Amigos meus e ocasionais ouvintes do “Clube dos Entas” têm estranhado o facto de nunca me terem enxergado nos espectáculos de música realizados nas cidades de Maputo e Matola. Consideram até que, sendo eu produtor de um programa de rádio, mais virado para a música e para factos com ela relacionados, seria natural que me interessasse também pelos eventos que amiúde têm lugar nas duas cidades. Até para me documentar e informar sobre a quantas anda a nossa música…

Porque nunca fui capaz de lhes satisfazer a curiosidade, não lhes restou outra alternativa senão conjunturar que o meu alheamento só podia residir ou num absurdo pedantismo ou então que a idade já não me permitia passar pelos excessos, habituais entre nós, sobretudo em eventos musicais. Logo eu, um credenciado noctívago e cervejeiro ajuramentado… É mesmo estranho, não encaixa.

“Pedantismo” ou “velhice”, em qual das duas categorias me situo? eis uma questão sobre a qual nunca procurei dar uma reposta, mesmo para comigo próprio, pese embora este “comportamento desviante” me azucrine a cachola, sempre que se anuncia mais um espectáculo.

Hoje, muito embora não se conheça para breve qualquer evento cultural musical, não resisti à tentativa de procurar uma resposta para o enigma, “clicada” após a leitura de uma entrevista de Brandford Marsalis, esse grande saxofonista norte-americano, conceddida à jornalista Cristina Fernandes, do jornal português “Público”, no passado dia 10.

No excerto dessa intervenção do Brandford, que a seguir transcrevo, julgo que pode estar a residir uma das razões porque ando na contra-mão da “moda” dos espectáculos: “Em muitas sociedades, como é o caso da norte-americana, as pessoas ainda vão aos concertos para ver e não tanto para ouvir. É por isso que quando se fala do Michael Jackson os temas são as luvas, as jaquetas, o seu comportamento ou as coisas estranhas da vida dele, mas há muito pouca discussão sobre a voz”.

Ora aí está: Haverá por aí quem possa desmentir esta leitura de um dos rebentos da família Marsalis? Ninguém, pelo simples facto de que as grandes assistências dos nossos eventos culturais serem movidas por outros motivos que não os estritamente culturais. Ou seja: pretexto para a troca de copos, fuga a uma realidade cada vez mais incontrolável, exibição das mais extravagantes futilidades, para não dizer quinquilharias (telefones, vestuário, carros, etc). Objectivamente, está-se perante mais um fénomeno de alienação das multidões e não do que devem ser os eventos culturais dignos desse nome.

De outra faceta tão interessante quanto aquela se revestem os espectáculos musicais que se realizam entre nós, mormente os que se dizem de Jazz, a maioria dos quais, tendo como cabeças de cartaz nomes nacionais e uns tantos estrangeiros.

Confesso o receio de parecer pedante mas não posso esconder o meu desacordo quanto a esta matéria, sobretudo quando os nossos promotores de espectáculos, erradamente, atribuem a este ou aquele artista ou grupo, a qualidade de executantes do género Jazz.

Se me pedirem uma definição do que é Jazz direi sem rodeios que não a tenho. De uma coisa porém estou certo: Jazz, meus senhores, pode ser tudo, menos o que se ouve em qualquer “Senta Baixo” deste país e, na melhor das hipóteses, nos momentos que antecedem a chegada dos recém-casados aos tradicionais “copos d’Agua”. Bob James e o seu “Four Play” e Jimmy Dludlu, só para citar dois nomes conhecidos, entre uma garfada e outra, sabem muito bem aos comensais esfomeados que pululam as nossas festas. O Jazz não cabe neste esquema. Tenho dito.

Clube dos Entas (*): Conjunto “João Domingos”, a música e o “Whisky Time”para a Frelimo

Posted in Moçambique, Radiodifusão with tags , , , , , on 17 de Junho de 2009 by gm54
João Domingos, actuação ao vivo em Macau

João Domingos, actuação ao vivo em Macau

O Texto que se segue, de autoria do Luís Loforte, é parte da edição do “Clube dos Entas” a ser transmitido Quinta-feira, 18, e Segunda-feira, 22, na Antena Nacional da Rádio Moçambique. É ilustrado com músicas do Conjuntos João Domingos e Djambu.

“Muitos ouvintes (leitores) quererão saber as circunstâncias em que João Domingos da Conceição se interessou pelo mundo da música.

Nasceu em Maio de 1933 e cresceu até os 14 anos na vila de Inharrime, 70 quilómetros a sul da cidade de Inhambane. É em Inharrime que João Domingos tem as suas primeiras paixões pela música, primeiro como disc jockey dos gramofones e respectivos vinis de 78 rotações, e depois assistindo, fervorosamente, a actuações da popular «Ossumane Valgy Jazz Band», ida de Zandamela.

Em conversa telefónica que mantivemos recentemente com ele, João Domingos surpreendeu-nos ao fazer questão de nos dizer que Ossumane Valgy tocava a “verdadeira marrabenta”, o que nos pareceu com isso querer esbater a percepção que alimentávamos de que teria aprendido a ouvir e a tocar a marrabenta nos subúrbios da então cidade de Lourenço Marques.

Com ou sem essa percepção, a verdade é que o guitarrista, vocalista e compositor Ossumane Valgy inspirou várias gerações de músico nacionais, como o intérprete Fernando Luís, que ficou célebre, nos anos 80, por interpretar temas da banda de Zandamela, nomeadamente Zavala Tótè. Mas aqui falamos do conjunto «João Domingos».

Nós acreditámos que o conjunto «João Domingos» terá sido o agrupamento que mais palcos pisou, quer nacionais, quer internacionais, pelo menos ao seu tempo. Até ao extremo-oriente se fez representar, representando-nos, afinal, a todos nós.

CD do Conjunto João Domingos gravado em Macau

CD do Conjunto João Domingos gravado em Macau

De todos esses palcos queremos, porém, destacar um em especial, nomeadamente  o da Associação Africana da então cidade de Lourenço Marques.

Destacamo-lo não somente pelos espectáculos memoráveis que o conjunto «João Domingos» lá deu, mas também pelo seu contributo no enriquecimento da folha de serviços sociais, culturais e políticos que a agremiação acumulou ao longo dos anos da dominação colonial. Só quem não sabe, ou finge que não sabe o valor histórico da Associação Africana pode tolerar que aquele espaço físico seja votado àquele abandono, ou a actividades que não sejam mais dignas da sua estatura política.

Como podemos dizer aos mais novos, olhando para aquilo que é hoje aquele espaço, que era ali onde se editava o «Brado Africano»? E isto para perguntarmos porque é que aquele espaço não é declarado um monumento nacional, tal como em tempos foi declarado, e muito merecidamente, o Centro Associativo dos Negros da Província de Moçambique? Um preconceito de alguns?

Lamentações à parte, a verdade é que a Associação Africana foi um grande palco do João Domingos da Conceição, do «Gonzana», do «Young» Issufo, do «Globe Trotter» e do Filipe Tembe. Mas também de grandes dançarinos que os acompanhavam, como foram os casos de Mussá Tembe, Alfredo Caliano, Elarne Tajú, Carolina Albasine, Lázaro, Saíde Mundle, esse grande futebolista que jogou ao lado de Eusébio, e ainda Arlindo Haridás.

E já agora, uma pequena curiosidade, só digna de pessoas com coragem.

Contrariamente ao que hoje acontece, em que as festas são abrilhantadas por música em regime contínuo, naqueles anos havia o chamado Whisky Time, um intervalo geralmente destinado ao arrefecimento dos amplificadores da aparelhagem, mas também ao retemperar das forças pelos músicos.

O que acontece é que no toque de chamada para o grupo subir ao palco, o João Domingos usava o acorde principal do indicativo musical do programa radiofónico da Frente de Libertação de Moçambique. Só pessoas restritas sabiam desse temerário atrevimento de João Domingos”.

(*) O “Clube dos Entas”, é um programa radiofónico da Rádio Moçambique, transmitido na sua Antena Nacional (FM 92.3). É produzido por Edmundo Galiza Matos, Luís Loforte e Nassurdine Adamo. Pode ser escutado também na Net: www.rm.co.mz. Vai para o “AR” as quintas-feiras (22H05) e segundas-feitras (02H05)

5o anos da Revolução Cubana em debate na Rádio Moçambique

Posted in Uncategorized with tags , , on 13 de Abril de 2009 by gm54

raulcastro1

Cuba é sinónimo de Revolução. Desde 1 de Janeiro de 1959 que a maior ilha das Caraíbas é um marco incontornável para o resto do mundo.

E, precisamente 50 anos depois, a sua influência – apesar de diminuta – não desapareceu de todo.

Muitos de nós crescemos influenciados pela Revolução cubana, pelas façanhas e desventuras dos seus protagonistas.

Para alguns, a Revolução cubana significa uma história de heroísmo, de luta pela liberdade e contra o imperialismo.

Para outros, é justamente o contrário: um símbolo de ditadura e de opressão.

O que é certo é que Cuba desata paixões, e falar do que foi, do que é, e do que será a Revolução de Fidel Castro acaba por ser um verdadeiro desafio.

No programa Linha Directa da Antena Nacional (FM 92.3) da Rádio Moçambique de sábado, 18, com início as 09H05, vamos tentar explorar os 50 anos da Revolução cubana analisando os seus êxitos e o futuro da ilha.

O internauta é convidado a participar por telefone ou enviando antecipadamente perguntas para o e-mail eagmatos@gmail.com.

Rádio Moçambique: Memórias de um doce calvário

Posted in Radiodifusão with tags on 12 de Dezembro de 2008 by gm54

Edificio-sede da Rádio Moçambique em Maputo

Edifício-sede da Rádio Moçambique em Maputo

Para Silvestre Sechene, jurista, a leitura deste livro de autoria de Luís Loforte, “proporcionará aos que se interessam pelas matérias da radiodifusão, e não apenas a estes, a oportunidade de se informarem sobre a história recente da rádio, particularmente no período de transição de Rádio Clube de Moçambique para a actual Rádio Moçambique”.

 

Assim escreveu aquele jurista no prefácio daquela obra publicada em 2007.

Trata-se de uma incursão em que, cito de novo Sechene, “habilidoso, Luís Loforte, agacha-se na noite das memórias e oferece-nos o que podem ser considerados aspectos preciosos da história da radiodifusão em Moçambique”.

 

O livro, que recomendo vivamente aos radiófilos de todos os quadrantes, pode ser adquirido em algumas livrarias da cidade de Maputo – fora da capital não se conhecem livrarias – ao preço de 250,00 Meticais (Usd10).

 

Não resisto em reproduzir um excerto do capítulo Rádio Clube de Moçambique, esperando eu que o seu conteúdo sirva para “aguçar” a curiosidade dos bloguistas e a pertinência de ter nas suas prateleiras uma obra de tão elevado valor.

 

“O RCM era a maior e a mais antiga das tres estações emissoras que entraram na constituição da Rádio Moçambique, mas não e a ele, pelo menos com essa denominação, que se devem as primeiras transmissões radiofónicas em Moçambique. As primeiras emissões experimentais de rádio, conhecidas em Moçambique, datam de 16 de fevereiro de 1933, uma quinta-feira. Formalmente, porém, as emissões arracaram a 18 de Marco do mesmo ano, um sábado, naquilo que foi o primeiro sinal do Grêmio, lançado a partir de um prédio situado na então Avenida da Republica, hoje 25 de Setembro, antes de passar a emitir a partir de instalações igualmente alugadas na então Rua Araújo, hoje Rua de Bagamoyo, em Março de 1939. Por decisão dos seus associados, o Grêmio passou a chamar-se Rádio Clube de Moçambique, em 29 de julho de 1937, uma quinta-feira, num ano em que em toda a colónia apenas existiam mil e quatrocentos receptores de rádio, metade dos quais na cidade de Lourenço Marques (Maputo, hoje). Até aí, na colónia apenas se escutavam de forma regular as emissões da União Africana, e da Europa e América do Norte quando calhava”.

 

“A ideia da criação do “Grêmio” partiu de dois radioamadores, nomeadamente Augusto das Neves Gonçalves e Firmino Jose Sarmento, aos quais, mais tarde, se juntaria Aniano Serra, contando com o apoio cúmplice dos comerciantes dos receptores e materiais afins”. (…)

 

“ …. Em 1937 o “Grêmio” passou a chamar-se Rádio Clube de Moçambique. Na verdade, só a responsabilidade de se chamar “Rádio Clube de Moçambique” pertcenceu aos associados, porquanto a da alteração coube às autoridades políticas de então, provavelmente porque a designação de “Grêmio” carregava consigo uma conotação corporativa e, portanto, algo do foro político e industrial. O “Estado Novo” classificava tudo em função dos fins. Pela natureza e fins perseguidos, uma associação de radiófilos não podia ser um grêmio. Grêmio eram, por exemplo, as associações industriais de óleos vegetais, das indústrias de transportes e automóveis pesados ou dos indústriais gráficos. Organização corporativa viria também a ser a União Nacional, o partido do ditador António de Oliveira Salazar. Impôs-se, portanto, que o “Grêmio” adoptasse uma designação do foro das “Sociedades de Recreio”, como o Clube Militar …”.

 

Se, ao tempo do Rádio Clube, o locutor dizia, depois do gongo, “Aqui Portugal Moçambique, fala-vos o Rádio Clube de Moçambique, dos seus estúdios em Lourenço Marques”, o do Grêmio, em português e inglés, referia: “Aqui Lourenço Marques CR7AA, estação emissora do Grêmio dos Radiófilos, trabalhando na frequência dos 6137 quilocíclos, onda de quarenta e oito metros e oito centímetros…”. CR7AA designava o primeiro emissor do “Grêmio” e correspondia à codificação imposta aos radioamadores desta região. Contrariamente ao que se possa pensar, o CR7AA não foi um emissor importado, mas construido em Moçambique por Augusto Gonçalves e A.J.Morais. O emissor ainda existe e é uma relíquia que a Rádio Moçambique tem sabido, felizmente, preservar, cumprindo assim o desejo manifestado pelos fundadores do “Grêmio” quando aquele emissor foi reformado: “Que descanse em paz sob os louros, a velha reíiquia, guardada religiosamente nas salas do Grêmio para marcar uma época da história da radiodispersão na colónia”. Hoje não somos colónia, mas cumpre-nos o dever civilizacional de preservar a nossa memória colectiva”.

…..

 

“ … A partir da então Lourenço Marques, o RCM mantinha em funcionamento quarto emissões independentes, sendo trés em português (Programas A,C e D), e uma em inglés e Afrikaans (B Station ou simplesmente LM Radio). À excepção de Gaza, todos os então chamados distritos do Estado de Moçambique tinham em funcionamento os seus emissores regionais, …”.

 

Não resisto em transcrever o último parágrafo desta obra de Luís Loforte: “Estou há quase uma vida na radiodifusão. Dela me apresto a sair, estou no umbral da porta de saida. Perguntarão os mais novos o que teria para lhes transmitir e eu direi que pouco e muito ao mesmo tempo. Talvez lhes seja útil, apenas, o conselho de que os verdadeiros radiófilos são aqueles que ficam felizes quando alguém, um dia, lhes venha a dizer que um, um que seja, dos nobres objectivos da radiodifusão terá sido conseguido contando com a sua colaboração. Não serei uma excepção. E porque não serão muitos aqueles que se resolvem dar à estampa as suas memórias, neste caso também gostaria que, ao lerem este modesto livro, soubessem que percorri o meu ciclo radiofónico num misto de muita felicidade e de alguma amargura, razão pela qual resolvi escolher a frase que dá título a este livro: “Rádio Moçambique – as memórias de um doce calvário”.

 

Para os interessados na obra, em baixo os contactos:

luisloforte@rm.co.mz

eagmatos@gmail.com

 

Rádio Moçambique: As velhas máquinas ainda funcionam … e bem!

Posted in Radiodifusão with tags on 8 de Dezembro de 2008 by gm54

Gravadores de fita magnética "RevoxA primeira emissão de Rádio em Moçambique foi transmitida no dia 18 de Março de 1933, por iniciativa dum grupo de entusiastas. Naquele distante ano, a primeira Sede foi instalada num prédio denominado JA ASSAM (onde hoje  funciona o Centro de Estudos Brasileiros).

Funcionando em pequenos períodos de emissão, e por decisão do Governo da época, esta Estação Emissora foi designada de Grémio dos Radiófilos de Moçambique.

Com o aumento dos horários de transmissão de programas, que consistiam basicamente em noticiários e música, foi necessário mudar de instalações, facto que levou os mentores do projecto a se transferirem da Av. da República (hoje Av. 25 de Setembro) para a Rua Araújo (hoje Rua de Bagamoyo).

Alguns anos depois e pela via de contribuição dos ouvintes, foi construído o Edifício Sede da Rádio, o edifício onde nos encontramos instalados hoje. Nessa altura muda-se a designação. Aquilo que era o Grémio de Radiófilos, passa a chamar-se Rádio Clube de Moçambique, uma designação que se mantém até 02 de Outubro de 1975.

Na ocasião o Governo Moçambicano decide nacionalizar as estações existentes (Rádio Clube de Moçambique, Voz de Moçambique, Emissora do Aero Clube da Beira e Rádio PAX) e criar a Rádio Moçambique.

Durante muitos anos a RM funcionou como Empresa do Estado, tendo passado a Empresa Pública a 16 de Junho de 1994.

A RM possui um efectivo de 902 trabalhadores à escala nacional, que exercem as mais variadas profissões da área da comunicação social, que são apoiadas por outros profissionais, ligados aos serviços técnicos, administração, finanças, publicidade e pessoal oficinal.

A RM transmite em português, em inglês e em 20 Línguas Moçambicanas.

Para além do Canal Nacional, da Rádio Cidade, do RM Desporto e do Maputo Corridor Radio (que difunde em língua inglesa), a Rádio Moçambique tem instalado um Emissor em cada uma das nossas capitais provinciais.