Arquivo de Letras

Obra inacabada de Graham Greene vai ser completada por leitores

Posted in Literatura with tags , , on 21 de Julho de 2009 by gm54

Graham Greene

Um romance inacabado de Graham Greene (1904-1991) está a ser publicado numa revista norte-americana durante este mês, que convida os leitores a terminarem o enredo. “The Empty Chair” (“A Cadeira Vazia”, numa tradução literal), com apenas cinco capítulos concluídos pelo autor e cerca de 22 mil palavras, conta a história de um assassinato misterioso.

O enredo começa quando Alice Lady Perriham, uma actriz casada com um aristocrata, dá uma festa em sua casa, onde os convidados encontram o corpo do “taciturno, mal-humorado, bruto” Richard Groves, com uma faca espetada no peito.

A obra aproxima-se das histórias de misteriosos assassinatos cometidos em casas de campo típicos de Agatha Christie. Mas “a história de Graham Greene tem uma reviravolta única”, conta Andrew Gulli, editor da revista “The Strand Magazine”, que está a publicar o romance.

O autor iniciou o romance em 1926, quando tinha apenas 22 anos. Mas “o estilo da caracterização de Graham Greene está lá”, diz Gulli. Descoberto no ano passado por François Gallix, estudioso das obras de Greene, no Centro de Humanidades na Universidade do Texas, o texto marca um ano importante na vida do escritor, pois, segundo o seu biógrafo, foi quando se converteu ao catolicismo, começou a trabalhar como subeditor no jornal londrino Times e decidiu tornar-se um escritor de sucesso.

“The Strand Magazine” irá publicar um capítulo por semana nas próximas cinco edições e está a ponderar lançar um concurso para completar a história. “Se estiverem interessados em encontrar um autor (para terminar o romance), isso será óptimo; se quiserem fazer um concurso com os leitores, também será excelente”, continua o editor da revista, inspirada numa publicação do final do século XIX que tratava mistérios fictícios como os de Greene, Christie, Rudyard Kipling e Arthur Conan Doyle.

Graham Greene é mundialmente conhecido por obras como “O Condenado”, “O Nosso Agente em Havana”, “O Poder e a Glória”, “O Americano Tranquilo” e “Monsenhor Quixote”.

Autor Dan Brown muda para Washington por novo livro

Posted in Literatura, Religião with tags , , , on 9 de Julho de 2009 by gm54

Capa do Livro "O símbolo perdido"

Capa do Livro "O símbolo perdido"

O autor Dan Brown está de mudança para Washington para continuar com a sua bem-sucedida série de livros sobre a teoria da conspiração O Código Da Vinci.

O último romance de Brown, O Símbolo Perdido, será lançado a 15 de setembro e de novo retrata o simbologista fictício de Harvard Robert Langdon, numa história que se realiza num período de 12 horas.

O local e a trama do livro estavam guardados em segredo até que a editora lançou duas capas do livro nesta quarta-feira, no início de uma campanha promocional que inclui palavras cruzadas online e códigos.

A capa norte-americana do livro traz uma imagem do Capitólio com um lacre de cera vermelho contra um fundo de símbolos, enquanto a capa na Grã-Bretanha e na Austrália traz o Capitólio e uma chave.

O editor de Brown nos Estados Unidos, Jason Kaufman, da Knof Doubleday, uma marca da editora Random House, disse em um comunicado que o livro é “em grande medida” passado em Washington, mas “é uma Washington pouco reconhecida”.

“Como podemos esperar, o escritor tira o véu – revelando um mundo não visto de misticismo, sociedades secretas, e locais escondidos… que mostra uma época anterior da América”, disse Kaufman.

O Símbolo Perdido terá 6,5 milhões de cópias na primeira impressão em língua inglesa – a maior impressão da Random House, uma unidade do grupo alemão Bertelsmann AG.

O Código Da Vinci teve mais de 81 milhões de cópias impressas desde seu lançamento em 2003 e ficou no topo dos livros mais vendidos no mundo todo, com uma história que despertou indignação no Vaticano e em muitos católicos devido à história ficcional sobre conspiração na Igreja.

Vamos Roubar para Ler (*)

Posted in Uncategorized with tags , , on 23 de Abril de 2009 by gm54

Só os "Turras" é que liam Gorki

Só os "Turras" é que liam Gorki

Por: Edmundo Galiza Matos

Considero-me um leitor voraz e sempre sedento de livros. Diria mesmo que sou um “maníaco” da leitura. Da boa literatura, entenda-se. Tudo que seja papel garatujado, mesmo que em linguas e caracteres estranhos, é motivo para aguçar a minha curiosidade, ainda que nada de lá tire algo de proveitoso: é que o simples acto de decifrar e tentar entender o que se escreve é motivo mais que suficiente para meu deleite. O leitor que está debruçado sobre estas minhas confissões, poderá concluir que pertenço a uma espécie em vias de extinção. Um “fóssil” até. Não, não sou. Aceito sim ser uma das poucas excepções no mundo dos milhares de moçambicanos, minimamente letrados, que não gostam de folhear um livro e dele extrair experiências e ensinamentos para a vida.

No actual debate sobre o gosto (ou a falta dele) pela leitura entre nós, a constatação comunemente aceite pelos analistas terá como causa primária o difícil acesso ao livro ditado pelos proibitivos preços praticados pelas livrarias; ou então o descuido dos pais e educadores no estimular as pessoas – sobretudo os jovens – na prática do acto de ler como meio para se formarem cultural e cientificamente. Outros atiram as culpas para este estado de coisas aos ditames do mundo do telemóvel, da comunicação fútil e … da busca doentia da fama. Numa coisa estamos todos de acordo: o livro é caro. Poucos são aqueles que têm posses para o ter à mão. Mas também, a mediocridade das vidas de muitos é mais que evidente. Contudo interrogo-me:Desde quando o livro foi barato em Moçambique, tanto no período colonial como agora? Quantos dos que hoje lamentam esta realidade tiveram acesso fácil ao livro mas mesmo assim liam e muito?

Os que tiveram o privilégio de entrar numa livraria e de lá sair com um livro, contam-se pelos dedos da mão. A grande maioria, dentre ela eu, nem sequer tinha dinheiro para comprar uma sebenta quanto mais um livro. Contudo lia até à exaustão, “vício” que até hoje, orgulho-me, se me “grudou” e dele não não me desfasço.E como fazia então para ler, perguntar-me-ão.A resposta é tão simples como isto: roubando. É isso mesmo, ROUBANDO LIVROS. Hoje, para satisfazer o vício, não roubo, surripio.

A minha saga de Ladrão de Livros – não de Bicicletas – começa nos primeiros anos da minha adolescência na Livraria Sotil em Porto Amélia (Pemba): tal como o viciado pelas drogas pesadas que inicia a sua “carreira” não raras vezes “puxando” um inofensivo charro de suruma, este “leitor militante” iniciou-se na literatice, roubando e lendo os livros aos quadradinhos: Matt Marriot, Mandrak, Fantasma, Bill The Kidd; ou então os livrinhos de bolso de famosos Cow Boys “Revolver 45”, “Sete Balas”. Uma incursão minha a uma livraria, tendo como “guarda-costas” os irmãos Tique (João, César e Sérgio) resultava sempre num prejuízo considerável para a “Sotil”. Calças e camisas desmedidamente largas para a minha estatura eram o suficiente para acondicionar mais do que uma dezena de livrinhos. A senhora do balcão – que nós julgavamos uma pera doce – até se dava ares de despercebida com o atrevimento da miudagem e lá deixava-nos sair com o produto do crime. Até um dia …

"O ladrão de livros", ele mesmo

"O ladrão de livros", ele mesmo

Com o passar do tempo, o produto do “roubo” começou a ser mais volumoso e valioso, o que acarretava metódos mais complexos para me furtar à vigilância da balconista, portuguesa é preciso que se diga, mas, lá ia saindo com uma ou duas obras para surpresa dos meus cúmplices: O Irving Wallace e outros da mesma turma eram então os nossos preferidos. Até que a situação começou a “cheirar mal” para o dono da livraria que, perante os prejuízos passou a estar de olho, primeiro na própria empregada do balcão e depois para este “ladrão de Livros” que todos os dias entrava e saía do estabelecimento de mãos a abanar mas estranhamente com a barriguinha saliente. O hábito tornou-se rotina, de tal sorte que o ladrão de livros começou a exceder-se até que um dia foi surpreendido, não só com a prova do crime, mas com uma obra considerada então subversiva que não fazia parte do espólio da livraria. Apanhado e interrogado que foi, o meliante vai parar à esquadra da então PSP (polícia de segurança pública portuguesa) e dali para a famigerada PIDE, a secreta colonial. O agente, a princípio relutante em interrogar um miúdo que de subversivo nada tinha, só o fez quando informado que o “puto” era tão “turra” como o mais destemido dos macondes. O livro dizia tudo.“A Mãe”, de Máximo Gorki, ainda por cima com capa de um vermelho escuro, era mais que suficiente para me julgarem o mais perigoso dos contestários de então em Porto Amélia. Coitado de mim, que de política ainda era “virgem”. Com o ar mais macambuzio deste mundo, mas apercebendo-me da gravidade da situação, inventei a esfarrapada mentira de que o tinha achado numa lata de lixo lá para as bandas do Batalhão 14, em cujo seio existiam oficiais do exército colonial português desterrados de Portugal para a colónia em virtude das suas ideias revolucionárias. Ficaram-me com o livro e saí de lá com os ouvidos a doridos devido a duas bem dadas chapadas do Pidesco. Quem ficou a perder: o Renato Carrilho ou simplesmente Gunas que, por qualquer motivo, me havia pedido que entregasse a maldita “Mãe” a um dos seus amigos, de que não me recordo o nome. Era o “correio” dos mais velhos que habilmente, faziam circular literatura entre eles.

Porque as “confissões” já vão longas, fica-me o seguinte conselho para quem gosta de ler mas que não o faz porque não tem possibilidades para comprar o mais barato dos livros: uma vez por mês, entre numa livraria, roube um livro e o faça circular entre amigos. Se o prenderem, acredite meu caro amigo: irei depôr a seu favor em qualquer tribunal deste país porque terá praticado um acto nobre – roubar para ler. Se o fez para “negócio”, ponho-me a milhas.(X)

(*) – Opinião publicada a 28 de maio de 2008 no sítio wwwnantchite.blogspot.com