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Sandokan, inédito de Hugo Pratt, e adaptado para o teatro na Rádio Moçambique, chegou às livrarias em França

Posted in Artes Plásticas with tags , , , , , , , , on 5 de Setembro de 2009 by gm54
Sandokan manteve-se inédito até aos nossos dias provavelmente devido ao êxito do Corto Maltese, o herói mais conhecido de Hugo Pratt

Sandokan manteve-se inédito até aos nossos dias provavelmente devido ao êxito do Corto Maltese, o herói mais conhecido de Hugo Pratt

Uma versão em banda desenhada de Sandokan, “O Tigre da Malásia”, da autoria de Hugo Pratt, acaba de ser editada em França pela editora Casterman, meses após a publicação em Itália.

A banda desenhada foi encomendada a Hugo Pratt, no final dos anos 1960, pelo “Corriere dei Piccoli”, um suplemento infantil do diário italiano “Corriere della Sera”, mas manteve-se inédito até aos nossos dias provavelmente devido ao êxito de “Corto Maltese”, que o autor começou a desenvolver na mesma época, lê-se no site da editora francesa.

Sandokan, “O Tigre da Malásia”, foi muito popular em Moçambique nos finais da década de 70, quando a Rádio Moçambique decidiu passar a obra para o teatro radiofónico no programa “Cena Aberta”.

A saga foi adaptada por Gulamo Khan e Leite de Vasconcelos e realizada por Álvaro Belo Marques, Carlos Silva e António Scwhalback.

Leite de Vasconcelos

Leite de Vasconcelos

Teodósido Mbanze, hoje assessor jurídico da Rádio Moçambique, desempenhou o principal papel, “Sandokan”, enquanto Machado da Graça representou o de James Bruck, Santa Rita (hoje nos EUA) esteve no papel do “português” Eanes e Teresa Sá Nogueira, já falecida, era a bela e misteriosa jovem inglesa – Lady Mariana.

O “Cena Aberta” de Sandokan, “O Tigre da Malásia” da Rádio Moçambique, era transmitido todos os dias depois do noticiário das 21 com uma audiência tal que as ruas da cidade de Maputo ficavam desertas àquela hora para escutar as peripécias do príncipe malaio, inimigo dos ingleses.

Recorde-se que à época não existia em Moçambique nenhum canal de televisão, pelo que a Rádio era o único meio de comunicação acessível à quase totalidade dos moçambicanos. A televisão só viria a ser instalada em Moçambique em 1980, a TVExperimental, nas mãos do governo, com José Luís Cabaço à frente do projecto.

Machado da Graça, "James Bruck" no Sandokan, "O Tigre da Malásia" na Rádio Moçambique

Machado da Graça, "James Bruck" no Sandokan, "O Tigre da Malásia" na Rádio Moçambique

Já sem uma audiência por aí além, o “Cena Aberta” continua a ser transmitido na empresa moçambicana de radiodifusão pública, aos sábados, as 21 horas.

Gulamo Khan e Leite de Vasconcelos, já falecidos, Santa Rita e Machado da da Graça, foram jornalistas da Rádio Moçambique.

História do “Tigre da Malásia”

A história do “Tigre da Malásia” não foi alimentada por Pratt além de desenhos e pranchas dispersos, tendo sido posta de lado por volta de 1973, quando o “Corriere della Sera” se limitava a uma trintena de páginas. Esquecidas numa caixa na editora, as pranchas da história inacabada de Sandokan de Pratt foram finalmente redescobertas pelo jornalista Alfredo Castelli, 40 anos mais tarde, encontrando finalmente o caminho das livrarias. A editora italiana de Pratt, Rozzoli-Lizard, foi a primeira a publicar este trabalho, já em 2009.

A saga de Sandokan foi criada pelo escritor italiano Emilio Salgari (1862-1911) que lhe dedicou onze livros, uma obra clássica da literatura de aventuras. Os desenhos de Pratt contam o início da saga, situada em 1849 no mar da Malásia, a algumas milhas da costa ocidental do Bornéu. Na ilha selvagem de Mompracem assolada pela tempestade, encontra-se uma inquietante personagem: o príncipe malaio Sandokan, um temido pirata que os ingleses pretendem capturar e que é conhecido por Tigre da Malásia.

Uma personagem central é o aventureiro português Eanes, leal amigo de Sandokan. É ele quem fala ao pirata sobre uma jovem esplêndida com cabelos de ouro que mora em Labuan e cuja reputação de beleza se expandiu por toda a região.

Galvanizado pela descrição do seu amigo, Sandokan decide fazer-se ao mar rumo a Labuan, para contemplar com os próprios olhos a bela e misteriosa jovem – Lady Mariana – e para se vingar dos ingleses que assassinaram a sua família.

A existência do “Sandokan” de Hugo Pratt era referida no livro de Dominque Petitfaux “De l’autre côté de Corto”, editado pela Casterman em 1996. Mas ninguém tinha visto esta história inacabada e inédita, adaptada em texto por Mino Milani a partir da obra de Salgari.

Hugo Pratt nasceu em Rimini (Itália) em Junho de 1927 e morreu em Grandvaux (Suíça) em Agosto de 1995. O mais conhecido herói de Pratt é Corto Maltese, cuja primeira aparição data de 1967, na revista Sgt.Kirk. O marinheiro romântico era então uma personagem secundária.(X)

Actriz é acusada de racismo

Posted in Uncategorized with tags , , , on 29 de Maio de 2009 by gm54
"Agora sou vista como racista"

"Agora sou vista como racista"

Uma peça destinada a promover a harmonia interracial na África do Sul acabou envolvida justamente em polêmica sobre racismo. Carolyn Forward, actriz de 22 anos, abandonou uma produção de “O Flautista de Hamelin” por ter que beijar na boca o colega negro Unathi Dyantyi durante a encenação. O que para ela foi apontado como “não-higiênico” e “inapropriado” para o público a que se destinava (infantil), para ele foi visto como racismo. Carolyn nega.

Em reportagem do jornal britânico The Guardian, Dyantyi conta que a actriz o empurrava e se encolhia toda a vez que eles tinham que se beijar durante a apresentação. “Eu sentia-se um lixo cada vez que nós tínhamos que fazer isso, por causa do jeito que ela me tratava”, disse o actor. “Ela não queria me beijar. Dizia que achava desnecessário e que o beijo não era higiênico”.

"Ainda há racismo na África do Sul"

"Ainda há racismo na África do Sul"

Dyantyi se disse sem palavras diante do episódio. “O que há de não higiênico num beijo? E o que há de desnecessário nisso? É necessário para o que o director está a tentar fazer. Ele está a tentar transmitir a mensagem de que não tem problema de diferentes culturas se apaixonarem. Somos um país multicultural e estamos a tentar transmitir isso”, afirmou. “Ainda há racismo na África do Sul, mas é muito subtil”.

Carolyn nega as acusações. “É uma peça para crianças de oito anos de idade”, disse ela. “Eles queriam que eu beijasse um homem por 20 segundos, o que é inapropriado para aquele público”, argumentou. “E não seria higiênico, porque era um show itinerante”. Carolyn largou a peça após 12 apresentações – deixando outras 50 no encargo de uma substituta. Mas, segundo ela, “não tem nada a ver com o beijo”. “Mas agora sou vista como racista”.