Uma peça destinada a promover a harmonia interracial na África do Sul acabou envolvida justamente em polêmica sobre racismo. Carolyn Forward, actriz de 22 anos, abandonou uma produção de “O Flautista de Hamelin” por ter que beijar na boca o colega negro Unathi Dyantyi durante a encenação. O que para ela foi apontado como “não-higiênico” e “inapropriado” para o público a que se destinava (infantil), para ele foi visto como racismo. Carolyn nega.
Em reportagem do jornal britânico The Guardian, Dyantyi conta que a actriz o empurrava e se encolhia toda a vez que eles tinham que se beijar durante a apresentação. “Eu sentia-se um lixo cada vez que nós tínhamos que fazer isso, por causa do jeito que ela me tratava”, disse o actor. “Ela não queria me beijar. Dizia que achava desnecessário e que o beijo não era higiênico”.
Dyantyi se disse sem palavras diante do episódio. “O que há de não higiênico num beijo? E o que há de desnecessário nisso? É necessário para o que o director está a tentar fazer. Ele está a tentar transmitir a mensagem de que não tem problema de diferentes culturas se apaixonarem. Somos um país multicultural e estamos a tentar transmitir isso”, afirmou. “Ainda há racismo na África do Sul, mas é muito subtil”.
Carolyn nega as acusações. “É uma peça para crianças de oito anos de idade”, disse ela. “Eles queriam que eu beijasse um homem por 20 segundos, o que é inapropriado para aquele público”, argumentou. “E não seria higiênico, porque era um show itinerante”. Carolyn largou a peça após 12 apresentações – deixando outras 50 no encargo de uma substituta. Mas, segundo ela, “não tem nada a ver com o beijo”. “Mas agora sou vista como racista”.