Arquivo de História

Jardim Tunduru: a história do pulmão verde de Maputo

Posted in Uncategorized with tags , , , , , , , , , on 31 de Agosto de 2009 by gm54
O arco à entrada do Jardim Tunduru

O arco à entrada do Jardim Tunduru

No lugar agora ocupado por uma imponente estátua de Samora Machel, fundador da República de Moçambique, ergue-se um arco de alvenaria em estilo manuelino construído para comemorar o quarto centenário da morte do navegador português Vasco da Gama assinalado em 1924, data a partir da qual o jardim passou a ter esse nome. Do arco foram removidos as esferas e as cruzes de malta, símbolos do regime colonial português.

Com a independência de Moçambique em 25 de Junho de 1975 o espaço passou a chamar-se JARDIM TUNDURU.

Estátua de Samora Machel, defronte do arco

Estátua de Samora Machel, defronte do arco

Considerado um dos mais belos jardins existentes nas ex-colónias portuguesas, o Tunduru data de 1885.

Tudo começou com um organismo que foi fundado na então Loureço Marques, hoje Maputo, nesse mesmo ano (1885) denominado Sociedade Arboricultura e Floricultura, tendo por objectivo a “Formação de um jardim e arborização do Pântano da vila de Lourenço Marques” que tinha ao tempo nove anos de fundação.

Ex-Lourenço Marques no século XIX

Ex-Lourenço Marques no século XIX

Essa Sociedade teve a sua primeira reunião na histórica Casa Amarela, na altura residência do governador do Distrito no dia 31 de Maio de 1885.

Do encontro foi lavrada uma acta na qual se exarou “tornou a presidência por acordo de todos o Dr. Sousa Teles, servindo de secretário Armando Longle. Exposto os fins da reunião, elegeu-se a mesa definitiva da sua assembleia geral que passou a ter a seguinte constituição: Presidente, Mesquita Pimentel; Vice-presidente, Dr. Sousa Teles. Secretários, Armando Longle e Gonçalves Pereira e Tesoureiro Correia de Oliveira”.

Dessa reunião saiu ainda uma comissão de trabalhos cuja finalidade seria propriamente a “factura do jardim e arborização do Pântano”. Dela passaram a fazer parte por eleição o major Joaquim Lapa, o comerciante Johanes Bang e o Dr. Sousa Teles.

Outros nomes que jogaram papel preponderante para a edificação do Jardim Tunduru: major Joaquim Lapa, Paulino Fornasini, Correia de Oliveira, O. da Silva, Xavier Lobo, Neto de Vasconcelos, Agostinho Pereira, Borges Pinto, Armando Longle, Moura, Pablo Perez, e Gomes Pereira.

A esta sociedade o governo da então Vila de Lourenço Marques fez a entrega, em Novembro desse ano, de “um terreno sito na Machamba dos Soldados e na Machamba do Governador” confrontando “ao norte com a estrada da Ponte Vermelha; Sueste com a vala de esgoto e a Noroeste com a Avenida projectada pela referida Sociedade” numa superfície total de pouco mais de treze hectares para que realizassem os seus fins”.

A 14 de abril de 1886, os idealizadores do espaço dirigiram uma carta ao engenheiro Joaquim José Machado, que se encontrava em Lisboa, pedindo-lhe o envio de plantas e sementes da Europa para o seu jardim.

Nessa carta, diziam que “O Jardim já estava feito no sítio onde existia a Machamba dos Mouros e tem um grande lago ao fundo que dessecou o terreno pantanoso; está todo cercado por fios de arame, com os terrenos do telégrafo, em cima está o “ lawn-tennis” onde jogam os sócios todos os dias”.

Jardim Tunduru nos primórdios

Jardim Tunduru nos primórdios

O entusiasmo dos construtores do jardim foi enaltecido num relatório do governador do Distrito, Azeredo e Vasconcelos, publicado no “boletim Oficial N. 4, de 22 de Janeiro de 1887, onde se pode ler: “A Sociedade de Arboricultura e Floricultura ajardinando uma parte do Pântano e a secção de Obras Públicas plantando de eucaliptos e de outras árvores uma outra, iniciaram um trabalho de que há a esperar os melhores resultados. Os homens a cujos louváveis esforços se deve ao impulso dado num sentido tão útil são: Joaquim José Lapa, Mesquita Pimentel, Dr. Sousa Teles e o chefe da secção de Obras Públicas, Armando Longle”.

Mas não foi preciso muito tempo para se reconhecer que a manutenção de um jardim público era encargo pesadíssimo para uma sociedade particular, por maior que fosse a dedicação dos seus sócios.

É o que se deduz, por exemplo, da seguinte local publicada na edição de 10 de Agosto de 1889 do Jornal “O Distrito de Lourenço Marques”:

…”Daqui a pouco vamos ter aqui uma banda de música, como já anunciamos aos nossos leitores.

Agora perguntamos: Qual é o local que melhor se presta para reunir a nossa sociedade e ouvir as composições dos primeiros maestros que se esperam? O Jardim tem sido muito abandonado, ninguém fez caso dele; e realmente é pena que assim seja, porque é ainda hoje o passeio mais aprazível da cidade.

No coreto, actuam cantores e declama-se poesia

No coreto, actuam cantores e declama-se poesia

O lago transformou-se em tanque, onde os Srs. Indígenas costumam fazer suas Abluções; A fonte faz concorrência à da Avenida D. Carlos e todo o resto está completamente descurado.

E, Contudo, parece-nos que é ali o melhor local para irmos ouvir a banda que se espera.

O Coreto para a música, principiado em tempos não se acabou por falta de meios e está a perder-se.

Lembramos aqui aos Srs. Sócios do Jardim, que é urgente tomar uma resolução qualquer. Se não se acham com força para continuar a Obra. Reunam-se e entreguem tudo à Câmara Municipal como foi determinado pelos estatutos”…

Foi o que veio a acontecer. A Câmara tomou conta do Jardim e meteu ombros aos melhoramentos de que estava carecido para a sua dignidade.

Mas tudo levou o seu tempo a avaliar pela deliberação tomada em sessão de 4 de Agosto de 1897 em que se lê:

“ ..tendo-se notado a afluência que vai tendo o Jardim Municipal que em breve vai ser aberto ao público, que se macadamizem as ruas e se faça a aquisição na Europa de um portão de ferro para a porta do mesmo.”

Corredor no Tunduru

Em 24 de Dezembro de 1924, sendo o Alto Comissário o comandante Victor Hugo de Azeredo Coutinho comemorou-se o quarto centenário da morte de Vasco da Gama, e para assinalar esta data ergueu-se junto do portão principal, o Arco Manuelino.

A fonte que lá estava era idêntica a uma fonte Francesa, exactamente localizada no “Champs Elysèe”

As primeiras cinquenta fontes “Wallace” , iguais à que se ergue no Jardim Tunduru foram oferecidas à cidade de Paris em 1872 por “Sir” Robert Wallace, um grande filantropo Britânico. ”Sir” Robert encomendou o trabalho a um dos mais famosos escultores do seu tempo, Charles Lebourg e este, inspirando-se no Classicismo Grego, apresentou ao milionário o modelo com as cariátides suportando uma graciosa cúpula. Por esse motivo tais fontes são também conhecidas pelo “Templo das Quatro Deusas”.

“Sir” Robert assim que viu, tão entusiasmado ficou com o modelo que mandou que ele fosse imediatamente executado nas famosas fundições “Fonderies d’Art Du Val d’Osne”, de Paris.

O Templo das "Quatro Deusas"

O Templo das "Quatro Deusas"

A fonte existente no nosso Jardim Tunduru tem as seguintes inscrições:

”FONDERIES D”ART DU VAL D’OSNE – 58 Bd.VOLTAIRE – PARIS e “ CH. LEBOURG SC 1872

Constitui ainda um enigma por resolver como e quando a curiosa fonte teria vindo parar a então Lourenço Marques. Uma das mais prováveis hipóteses é que tenha sido oferecida à cidade pelo cidadão francês Eugéne François Tissot que foi concessionário do abastecimento de água à cidade.

Nos anos 50 e 60 do século passado, o Jardim Tunduru foi por várias vezes palco de muitas exposições e constituía um espaço de descanso e meditação para todos os citadinos.

Com a independência de Moçambique em 25 de Junho de 1975 o espaço passou a chamar-se JARDIM TUNDURU. Actualmente, as gigantescas copas das árvores do jardim criam um oásis de sombra e tranquilidade para os trabalhadores e turistas que por ali passam. Foi desenhado em 1885 pelo famoso Arquitecto Paisagista britânico Thomas Honney, o qual chegou também a desenhar alguns jardins para o Sultão da Turquia e para o Rei da Grécia. Para os amantes da Botânica, muitas das árvores encontram-se classificadas com informação sobre as espécies e sua origem. É possível visitar no seu interior uma estufa, infelizmente em mau estado de conservação. Pode-se encontrar também os campos de ténis pertencentes à Federação de Ténis de Moçambique.

Par de namorados trocando promessas

Par de namorados trocando promessas

Fontes : As pedras que já não falam – Alfredo Pereira de Lima, Jojó e JOSE MARIA MESQUITELA

Adaptação de Edmundo Galiza Matos

Sete Maravilhas: Polémica chega a Maputo

Posted in Arquitectura, História, Moçambique, Portugal with tags , , , on 6 de Junho de 2009 by gm54
Igreja na Ilha de Moçambique, uma das "Sete Maravilhas"

Igreja na Ilha de Moçambique, uma das "Sete Maravilhas"

A polémica sobre “As Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo” chegou também a Moçambique, com acusações de “distorção da história colonial”, embora haja quem considere “empolada” a contestação.

“As Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo”, um concurso promovido por instituições portuguesas, nomeadamente pela televisão pública RTP, pretende a selecção, através de votação por internet, de sete dos lugares mais emblemáticos construídos durante o império colonial português.

Esta semana, um grupo de académicos de vários países do mundo criticou numa carta aberta os promotores do evento por considerarem que “distorcerem o passado sangrento da sua expansão colonial em África”.

Em Moçambique, “representado” no concurso pela Ilha de Moçambique, o diário de maior circulação do país, o Notícias, dedicou esta semana toda a página dois do seu suplemento cultural ao concurso, mas é na segunda coluna desse espaço que escreve: “Escravatura – Vergonha que Portugal prefere contornar”.

Citando a referida carta aberta, o jornalista Paul Fauvet, autor do texto inserido no Notícias, diz que “o Governo português e os organizadores do concurso ignoraram a dor daqueles que tiveram seus antepassados deportados desses entrepostos comerciais e muitas vezes ali mortos”.

“Será possível desvincular a arquitectura dessas construções do papel que elas tiveram no passado e que ainda têm, no presente, enquanto lugares de memória de imensa tragédia que representou o tráfico transatlântico e a escravidão africana nas colónias europeias?”, questiona o Notícias, com base na carta.

Em declarações à Lusa, o director do Arquivo Histórico de Moçambique e docente de História na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Joel das Neves, considerou “empoladas as críticas a essa iniciativa”, salientando que o concurso “assenta num contexto de valorização do património arquitectónico ligado a Portugal”.

“Se o argumento de que exaltar o aspecto arquitectónico dos monumentos é faltar ao respeito da memória dos que foram escravizados na edificação desse património, ainda se irá criticar a UNESCO por considerar a Ilha de Moçambique um património da humanidade”, observou Joel das Neves.

O director do Arquivo Histórico de Moçambique referiu ainda que “alguns dos monumentos que são o orgulho do Moçambique – pós independência foram edificados no contexto da dominação colonial portuguesa”.

“Compreendo a animosidade, mas a minha opinião é a de que se está a distorcer o espírito da iniciativa”, enfatizou Joel das Neves.

GOVERNO PORTUGUÊS TENTA DISTORCER HISTORIA COLONIAL

Posted in Uncategorized with tags , , , , , on 5 de Junho de 2009 by gm54
Uma das formas de castigo aos escravos

Uma das formas de castigo aos escravos

Por Paul Fauvet, da AIM

Um número considerável de académicos proeminentes especializados na pesquisa da história dos países africanos de expressão portuguesa e do colonialismo português escreveram uma carta aberta em três línguas, nomeadamente inglês, português e francês, para denunciar a última tentativa do governo deste país europeu de distorcer o passado sangrento da sua expansão colonial em África.

Actualmente, o governo e instituições portuguesas, tais como a Universidade de Coimbra, estão a organizar um concurso internacional designado por “As Sete Maravilhas Portuguesas no Mundo”.

Estas maravilhas consistem em monumentos construídos em todo o mundo, a maioria dos quais durante o auge do poderio colonial português.

De facto, alguns destes monumentos são impressionantes – mas a nota explicativa trata os mesmos como se não fossem mais do que obras-primas de arquitectura. A partir da literatura que acompanha o concurso ninguém seria capaz de adivinhar que durante muitos séculos vários destes locais desempenharam um papel chave no comércio de escravos através do Oceano Atlântico.

Estimativas indicam que durante o comércio de escravos cerca de 12 milhões de africanos foram raptados e transportados através do Atlântico. Portugal, e a sua antiga colónia, o Brasil, foram responsáveis por pelo menos metade deste número.

O comércio de escravos e’ dos factos mais notáveis da história da expansão colonial portuguesa, mas que foi deliberadamente omitida do concurso “As Sete Maravilhas Portuguesas”.

A carta aberta nota que nas últimas duas décadas “vários países europeus, americanos e africanos vêm afirmando a memória dolorosa do comércio de africanos escravizados e valorizando o património que lhe é associado”.

Alguns dos países que também praticaram o comércio de escravos, entre as quais se destacam a França, reconhecem a escravatura como tendo sido um crime contra a humanidade, razão pela qual este país europeu adoptou a data 10 de Maio como o “Dia Nacional de Comemoração das Memórias do Tráfico Negreiro, da Escravatura e das suas Abolições”.

O Vaticano, que outrora também foi cúmplice da escravatura, já pediu desculpas pelo papel que desempenhou. Esse pedido de desculpas foi feito publicamente pelo Papa João Paulo II quando, em 1992, visitou a Casa dos Escravos na Ilha de Gorée, ao largo da costa do Senegal.

Igreja do Ibo, construída pelos portugueses em Moçambique. A espada e a religião foram cúmplices na escravatura

Igreja do Ibo, construída pelos portugueses em Moçambique. A espada e a religião foram cúmplices na escravatura

Vários presidentes, cujos países estiveram profundamente comprometidos com o comércio de escravos, incluindo o brasileiro Lula da Silva, e os norte americanos Bill Clinton e George W. Bush, seguiram o exemplo, condenando os malefícios do comércio de escravos e o passado trágico dos seus países.

Em 2007, a Grã-Bretanha comemorou o seu segundo centenário da abolição do comércio de escravos, tendo o então primeiro-ministro, Tony Blair, manifestado o seu pesar pelo papel do seu país na escravidão de muitos africanos.

Portugal, ao invés, refere a carta, está a tentar remar contra a maré do reconhecimento e arrependimento.

A lista das Sete Maravilhas inclui a cidade histórica de Luanda, actual capital de Angola, a Ilha de Moçambique, que foi a primeira capital de Moçambique, Ribeira Grande, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, e o Castelo São Jorge da Mina (também conhecido por Castelo Elmina), no Gana.

Todos estes locais estiveram profundamente envolvidos no comércio de escravos, facto que e’ sistematicamente omitido na literatura do concurso Sete Maravilhas.

A excepção de um único caso: o texto das “Sete Maravilhas” chegou ao cúmulo de afirmar que o Castelo Elmina foi entreposto de escravos somente a partir da ocupação holandesa, em 1637.

Esta parece ser mais uma tentativa de insinuar que apenas os holandeses eram praticantes da escravatura, e não os portugueses.

Contudo, a carta aberta, nota que os portugueses construíram o Castelo Elmina, em 1482. Foi um entreposto de escravos, embora também serviu para o comércio de ouro e de outros produtos. Porém, não existe margem de dúvida de que um grande número de escravos passaram através de Elmina, quando ainda se encontrava sob o controlo dos portugueses, e que acabaram sendo levados para o Brasil.

Fortaleza do IBO: aqui, até 1974 os portugueses mataram e torturam os moçambicanos

Fortaleza do IBO: aqui, até 1974 os portugueses mataram e torturam os moçambicanos

A carta refere que “para ser fiel à história e moralmente responsável, consideramos que a inclusão desses ‘monumentos’ no dito concurso deveria ser acompanhada de informações completas sobre o papel deles no tráfico atlântico, assim como sobre seu uso actual”, (Por exemplo, O Castelo Elmina e’ actualmente um museu que mostra a história da escravatura).

Segundo os signatários da referida carta, o governo português e os organizadores do concurso “ignoraram a dor daqueles que tiveram seus antepassados deportados desses entrepostos comerciais e muitas vezes ali mortos”.

“Será possível desvincular a arquitectura dessas construções do papel que elas tiveram no passado e que ainda têm, no presente, enquanto lugares de memória da imensa tragédia que representou o tráfico transatlântico e a escravidão africana nas colónias europeias?”, questionam os autores da carta aberta.

“Em respeito à história e à memória dos milhões de vítimas do tráfico atlântico de escravos, viemos através desta carta aberta repudiar a omissão do papel que tiveram esses lugares no comércio atlântico de africanos escravizados”, conclui a carta, descrevendo o concurso como sendo uma tentativa de banalizar e apagar a história “em prol da exaltação de um passado português glorioso expresso na suposta ‘beleza’ arquitectónica de tais sítios de morte e tragédia”.

A carta e’ assinada por várias dezenas de académicos de varias universidades em África, Europa, América do Sul e do Norte.

Por isso, os autores da carta aberta decidiram lançar uma petição “on-line” contra a distorção da história, que toda a gente poderá assinar, e que se encontra disponível no endereço http://www.petitiononline.com/port2009/petition.html.

Biblioteca Dirigital Mundial com acervo moçambicano

Posted in Uncategorized with tags , , on 22 de Abril de 2009 by gm54

Canhoneira no Rio Zambeze

Canhoneira no Rio Zambeze

Se o leitor for à Internet ao sítio www.wdl.org, tem, desde terça-feira, 21, acesso gratuito à Biblioteca Digital Mundial (BDM), um novo programa de informação e divulgação cultural que acaba de ser posto em linha numa iniciativa conjunta da UNESCO, da Biblioteca do Congresso Americano e da Biblioteca de Alexandria.
Nesse novo endereço, entre mais de mil documentos, vai poder encontrar, por exemplo, esta f, tirada na então colónia portuguesa de Moçambique em algum período  do primeiro quarto do século XX, é da Colecção de Frank e Francês Carpenter, na Biblioteca do Congresso.

A imagem acima é de uma Canhoneira utilizada pelo governo colonial português no rio Zambeze, utilizada para, segundo o sítio da UNESCO, “preservar a ordem entre os nativos em Tete”.

Pode ser encontrado também um mapa feito a mão mostrando a fortaleza de São Sebastião da Ilha de Moçambique, que, segundo o sítio “é uma pequena mas estratégia ilha ao largo da costa do continente Africano. A fortaleza foi construída no século XVI pelos Portugueses, que desenvolveram a ilha para se tornar num importante porto de comércio. A estrutura foi construída num estilo italianizado fora de materiais locais, e incorporava um intrincado sistema de colecta de água da chuva, necessário para compensar a ausência de água fresca na ilha.

O mapa abaixo foi desenhado em 1741, como os Portugueses estavam planejando uma renovação da fortaleza para incorporar novas estruturas de defesa. A fortaleza tornou-se Património Histórico Mundial pela UNESCO em 1991.

Mapa da Ilha de Moçambique desenhado a mão

Mapa da Ilha de Moçambique desenhado a mão

Os destinatários desta BDM, disponível em sete línguas, são os estudantes, professores e o público em geral. Dantes, “a escola preparava os jovens para ir à biblioteca, mas, hoje, as bibliotecas tornaram-se digitais”, constata, citado pela AFP, o tunisino Abdelaziz Abid, coordenador deste projecto que, para já, reúne trinta bibliotecas de outros tantos países em todo o mundo (incluindo o Iraque, a Rússia, a China, o Uganda, o Egipto e o Brasil), mas que, até final do ano, quer duplicar os participantes.

O principal responsável por este projecto é James H. Billington, director da Biblioteca do Congresso Americano e ex-professor de História em Harvard. Foi ele que, em 2005, o propôs à UNESCO, assegurando que o espírito da nova biblioteca digital universal não seria “competir” mas complementar dois outros programas congéneres já existentes: o Google Book Search, também lançado em 2005 e que actualmente tem sete milhões de obras acessíveis ao público; e a Europeia, uma biblioteca criada em Novembro do ano passado, que conheceu também um êxito inesperado e já disponibiliza 4,6 milhões de documentos – esperando chegar aos 10 milhões até 2010.

Com a sua nova Biblioteca Digital Mundial, disponível em sete línguas, a UNESCO quer reduzir a “fractura digital” entre os povos

David Adjaye vai projectar museu afro-americano em Washington

Posted in Uncategorized with tags , , , on 16 de Abril de 2009 by gm54

Adjaye: o espírito do museu é de "louvor"

Adjaye: o espírito do museu é de "louvor"

A ideia tem um século, mas parece finalmente em vias de se concretizar: uma equipa liderada pelo arquitecto britânico de origem tanzaniana David Adjaye foi a escolhida para projectar o novo Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, que deverá abrir em Washington em 2015, anunciou hoje a Smithsonian Institution.

Adjaye descreveu o museu de Washington como o sonho da sua carreira. O edifício deverá custar 500 milhões de dólares, será construído no National Mall (o parque que vai do Capitólio ao Monumento de Washington, e onde já existem vários museus importantes), e o início das obras está previsto para 2012.

Desde 1900 que os americanos discutiam a construção de um museu para contar história dos negros, mas, lembra o “The New York Times”, a ideia sofreu uma forte oposição até à década de 90 do século passado. Um dos principais opositores foi o senador republicano Jesse Helms, da Carolina do Norte, que em 1994 travou a aprovação do museu numa votação no Senado.

Aprovado finalmente em 2003, o museu já começou a funcionar, mesmo sem edifício, reunindo peças para a sua colecção – entre os objectos que serão expostos inclui-se uma cabana de escravo, vestígios de um velho barco de transporte de escravos, um eléctrico do Tennessee dos tempos da segregação, e um aparelho dos Tuskegee Airman, os pilotos negros que escoltavam os bombardeiros americanos sobre a Europa na II Guerra Mundial, explicou à AFP o director, Lonnie Bunch.

O projecto da equipa de David Adjaye (Freelon Adjaye Bond/Smith Group) foi escolhido entre seis apresentados a concurso, alguns de arquitectos muito conhecidos como Norman Foster e Diller Scofidio+Renfro.

Trata-se, na descrição da AFP, de um grande edifício cúbico com os vidros tingidos por uma película de bronze. O “New York Times” acrescenta outros pormenores: é uma espécie de colina dominada por uma estrutura em dois andares à qual o arquitecto chama “coroa de celebração”. Segundo Adjaye, o espírito do edifício será “de louvor”.