Arquivo de Argentina

A “heroína zangada” de Quino faz hoje 45 anos

Posted in Banda Desenhada with tags , , , on 29 de Setembro de 2009 by gm54

Mafalda_quino

Mafalda não é desenhada por Quino desde 1973, mas a sua popularidade continua intacta. E  já tem uma estátua em Buenos Aires

No passado dia 30 de Agosto, um discreto senhor de 77 anos sentou-se num banco da Rua do Chile, 73, em Buenos Aires, ao lado da estátua de uma menina em tamanho natural, sob a atenção de um pelotão de fotógrafos e de centenas de transeuntes.

O senhor de idade era o desenhador Quino, e a menina da estátua, Mafalda, a sua grande criação, que hoje faz 45 anos. E no edifício junto ao qual a estátua foi inaugurada, viveu Quino (aliás, Joaquín Salvador Lavado) durante a sua infância, foi transformado no cenário de muitas das tiras da menina mais politizada, opinativa, contestatária e menos amiga de sopa da história da banda desenhada.

Admirado por Charles M. Schulz, o criador dos Peanuts, que lhe chamou “um gigante do humor” , ou por Umberto Eco, que advogava que Mafalda fosse tratada como “uma pessoa real, porque os nossos filhos se preparam para ser uma multidão de Mafaldas”, Quino criou a sua personagem em 1963, para ilustrar uma campanha de uma marca de electrodoméstico, mas as seis tiras então desenhadas não chegaram a ser publicadas. Apenas três delas chegaram à estampa no suplemento humorístico de uma revista, em 1964.

Pouco depois, Mafalda, os pais e dois dos amigos “mudaram-se” para o jornal Primera Plana, onde surgiu pela primeira vez, a 29 de Setembro de 1974, e começou a ser publicada com regularidade. E longe de ser mais uma personagem para consumo infanto-juvenil, esta menina de seis anos revelou-se de imediato uma comentadora crónica, preocupada e mordaz da situação mundial, bem da realidade social, económica e política da Argentina.

Era Mafalda, a contestatária e insatisfeita, “uma heroína zangada que recusa o mundo tal como ele é”, como escreveu Eco, em 1969, no prefácio a um dos álbuns da pequena heroína de Quino. Que apesar do seu precoce e articulado discurso adulto, apresentava também características de uma criança da sua idade, como uma paixão fanática pelos Beatles e uma hostilidade figadal à sopa.

A tira foi mudando de jornal e a família de personagens e amigos de Mafalda foi-se alargando, na proporção directa do seu enorme sucesso em casa e fora de portas.

Em 1973, e em plena crista da onda de popularidade, Quino decidiu parar de desenhar Mafalda, para evitar cair na repetição e na rotina, e para se dedicar ao desenho de humor e à caricatura. Só voltaria a ela em ocasiões especiais, caso de uma campanha da UNICEF a favor dos direitos das crianças, em 1977, e de que Mafalda é porta-voz oficial.

Mafalda continua viva como nunca, e os seus álbuns a esgotar edições. E agora, aos 45 anos, até já tem uma estátua ao pé do prédio onde viveu o “pai” Quino quando era miúdo como ela. (x)

Mafalda já é estátua

Posted in Uncategorized with tags , , , , on 1 de Setembro de 2009 by gm54
Mafalda saiu do papel e da tina e virou estátua

Mafalda saiu do papel e da tina e virou estátua

Mafalda, a irônica menina-filósofa que analisa a conjuntura mundial, saiu oficialmente da segunda dimensão do papel e tinta nanquim e passou para a terceira dimensão, transformando-se numa escultura.
Isso ocorreu no domingo, dia 30, quando as autoridades portenhas e o escultor Pablo Irrgang inauguraram a estátua de Mafalfa nas esquinas das ruas Defensa e Chile, no bairro portenho de Monserrat.

Pai e filha juntos - Quino e Mafalda

Pai e filha juntos - Quino e Mafalda

A escultura mostra Mafalda sentada num banco de praça, com leve sorriso, com ar de estar a meditar sobre a vida.
O seu criador Joaquín Lavado, mais conhecido como “Quino”, participou na cerimônia de inauguração. Ficou surpreso ao ver a espontaneidade da escultura. Mas, admitiu que ainda custa “bastante” ver uma Mafalda tridimensional.

A esquina das calles Chile e Defensa, a esquina mais “mafaldiana” do planeta (e, obviamente, da Galáxia) ficou repleta de fãs, curiosos e amigos do desenhista.
Um dos discursos mais delirantes foi pronunciado pelo cartunista Carlos Garaycochea, que propôs que a efígie de Mafalda fosse estampada nas notas dos pesos argentinos.

Quino declinou a proposta, e disse que, se fosse o caso, a figura mais adequada para tal função era Manolito, o amiguinho capitalista-mirim de Mafalda – aspirante a Rockefeller portenho – cujo pai era o dono do armazém “Don Manolo”. O tal do “Don Manolo vende baratíssimo!”.

A Mafalda de Quino e - quem sabe? - uma potencial Mafalda de carne e osso

A Mafalda de Quino e - quem sabe? - uma potencial Mafalda de carne e osso

Segundo o escultor Pablo Irrgang a escultura de Mafalda é em tamanho ‘real’. A ideia é que posteriormente ela seja deslocada uns poucos metros, até ficar, definitivamente, na porta de seu prédio, na rua Chile, número 371. Isto é, o edíficio onde Mafalda mora. Ou melhor, o prédio onde Quino, seu pai, isto é, seu desenhista, morava quando começou a desenhá-la, nos anos 60.
A prefeitura de Buenos Aires, depois de vários anos de delongas e amnésia burocrática, finalmente colocou a placa que indica – tal como todo personagem histórico de destaque – que ali morou (ou mora?) Mafalda, a menina que odeia sopa, ama os Beatles, e que é ‘cult’ há décadas.
Mafalda foi publicada somente entre 1964 e 1973.

Segundo Mafalda "mais do que um planeta, este aqui é uma imensa casa da mãe Joana espacial"

Segundo Mafalda "mais do que um planeta, este aqui é uma imensa casa da mãe Joana espacial"

CASA
A casa de Mafalda foi, durante décadas, um mistério. Sabia-se que ela era portenha. Mas, o bairro era uma incógnita. Nos últimos anos, um grupo de jornalistas fanáticos por Quino – entre eles o jornalista político Darío Gallo – vasculharam pistas nos quadrinhos de Mafalda (e em comentários de Quino), como as linhas de autocarros (o ‘colectivo’ número 86, principalmente) que passavam por ali perto, estátuas, praças, e demais indicações.

Finalmente chegaram à conclusão que Mafalda morava na rua Chile, 371. Mais precisamente, décimo andar, apartamento “E”.

Quino confirmou a investigação dos jornalistas. O apartamento de Mafalda era o próprio apartamento onde Quino havia morado durante anos, na década de 60.

Placa que a prefeitura levou anos em colocar, indica que ali morou Mafalda

Placa que a prefeitura levou anos em colocar, indica que ali morou Mafalda

ANIVERSÁRIOS
Mafalda possui dois aniversários, segundo o próprio Quino.
Ela nasceu “oficialmente” no dia 15 de março de 1962, na Buenos Aires. Na época, foi criada para uma propaganda de um eletrodoméstico.
Mas, para os portenhos deste nosso mundo, a sua estréia para o público foi o 29 de setembro de 1964, quando virou tirinha.
Nessa ocasião, no entanto, Mafalda não “nasceu” com 0 anos…ela tinha “6 anos”.
Portanto, neste ano Mafalda, uma interessante quarentona, faz 45 anos. Ou, se levarmos em conta os seis anos que ela tinha quando apareceu na primeira tirinha…já seria uma cinquentona. 51 anos (na última tirinha, em 1973, tinha a idade ‘quadrinhística’ de 8 anos).
De todas formas, “Que lo cumplas feliz (Parabens pra você)!”

Mafalda_22-mini FRASES DE MAFALDA
“Todos acreditamos no país…o que a gente não sabe é se neste ponto das coisas o país acredita na gente!”

“Se viver é durar, prefiro uma canção dos Beatles em vez de um long play dos Boston Pops”

“O pior é que a piora começa a piorar”

“Parem o mundo, que eu quero descer!”

“O negocio é encarar a artificialidade com naturalidade”

“Não é que não haja bondad..o que acontece é que ela está incógnita”

“Errare politicum est”

Vida de Che Guevara é retratada em musical na Argentina

Posted in Uncategorized with tags , , , on 17 de Abril de 2009 by gm54

Che é mais do que figura de camiseta

Che é mais do que figura de camiseta

Com o desafio e a responsabilidade de narrar a história de um personagem mitificado no mundo todo, “Che: o musical argentino“, que estreia no sábado em Buenos Aires, pretende combater a banalização existente em torno da figura do líder guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara.

Esta é a primeira vez que uma peça com estas características aborda a vida deste revolucionário que se tornou um mito, cuja figura foi oportunamente comercializada mundo afora.

A ideia original deste musical surge precisamente “como uma necessidade de situar o Che não como uma figura de camiseta, mas começar a colocá-lo na cabeça e no coração das pessoas“, explicou hoje um dos autores da peça, Óscar Mangione.

Os dois atores que dão vida a Che Guevara são Alejandro Paker e Germán Barceló.

Parlamento argentino decide até ao final do mês se repatria restos mortais de Jorge Luís Borges

Posted in Literatura with tags , on 13 de Fevereiro de 2009 by gm54

Querem-no de volta a casa

Querem-no de volta a casa

Uma deputada do Partido Justicialista argentino, da Presidente, Cristina Kirchner, vai apresentar este mês um projecto de lei para fazer regressar à Argentina os restos mortais do escritor Jorge Luís Borges, sepultado em Genebra (Suíça).

María Beatriz Lenz defende que o momento ideal para a transladação seria Agosto, quando se completam 110 anos sobre o nascimento do autor de Ficções. A deputada cita, em comunicado, uma frase de Borges para ilustrar que o próprio escritor manifestou o desejo de ser sepultado no elegante Cemitério da Ricoleta, em Buenos Aires. “Não passo pela Ricoleta sem recordar que ali está sepultado o meu pai, os meus avós, tetravós, e que eu também estarei“, sublinhou em declarações que estão agora publicadas em antologias pessoais.

A ideia, que divide opiniões de Buenos Aires, é contestada pela viúva do escritor, Maria Kodama. “Numa democracia, nenhuma pessoa de nenhum partido pode dispor ou tentar dispor do corpo de outro ser humano, que é o mais sagrado, perante outra que continua a dedicar a sua vida ao amor“, declarou a uma rádio da capital argentina.

Jorge Luís Borges faleceu a 14 de Agosto de 1986, em Genebra, na Suíça. Kodama frisou que a vontade de autor de Livro de Areia era apenas “descansar em paz“. “Estou terrivelmente triste com tudo isto que está a acontecer“, manifestou a escritora.

Em sentido oposto, o presidente da Sociedade Argentina de Escritores, Alejandro Vaccaro, sustenta que “a repatriação de Borges” é uma “dívida que a Argentina há muito tem para com o escritor“.
O projecto defendido pela deputada María Beatriz Lenz conta já com o apoio do presidente do Parlamento, Alfredo Fellner.