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Após 18 meses de inoperância, reaberta a Biblioteca Nacional de Moçambique em Maputo

Posted in Arquitectura, História, Moçambique with tags on 15 de Abril de 2010 by gm54

Fachada da Biblioteca Nacional de Moçambique, após restauro

A Biblioteca Nacional de Moçambique (BNM), baseada em Maputo, reabriu ontem (quarta-feira) ao público, depois de ter encerrado as portas durante um ano e meio devido as obras da sua reabilitação e ampliação.

Orçadas em cerca de 14 milhões de meticais (cerca de 400 mil dólares americanos) desembolsados pelo Governo moçambicano, estas obras consistiram na construção de um edifício de dois pisos destinado a alojar funcionários da instituição, redimensionamento do espaço, revisão da instalação eléctrica, entre outros aspectos.

Segundo o director da BNM, Roque Félix, com essas novas facilidades, esta instituição poderá fornecer novos serviços ao público, como material de leitura infanto-juvenil, leitura para pessoas portadoras de deficiência física, Internet e mediateca.

No âmbito do mesmo projecto, a BNM contou com mais oito mil livros (entre didáticos, ficção e de conhecimentos gerais) que se adicionam ao anterior acervo bibliográfico estimado em cerca de 150 mil obras.

Falando durante a cerimónia de reabertura desta instituição, o Primeiro-Ministro moçambicano, Aires Ali, disse que o Governo atribui a BNM um papel muito importante de preservar, conservar e disponibilizar o património documental do país e de interesse para o país.

“É justamente por isso que o Governo aprovou, em 2007, a criação em todo o país das bibliotecas públicas provinciais bem como atribuiu aos governadores provinciais competência de criar bibliotecas públicas distritais e outras”, disse o governante, acrescentando que “assim lançamos as bases de criação de condições para a materialização do apanágio do Governo de melhorar a qualidade do ensino, criando espaço para um ambiente de leitura permanente”.

Ainda na mesma cerimónia, foi lançada página da Internet (www.redicem.org.mz) da Rede dos Direitos da Criança em Moçambique, uma iniciativa de diversas organizações, incluindo as Nações Unidas, destinada a criar um espaço para a promoção e protecção dos direitos legítimos da criança através da partilha de informação entre organizações da sociedade civil e outras instituições que trabalham nesta área.

Esta página da Internet é parte do projecto do Centro de Informação para o Desenvolvimento, uma unidade que passará a funcionar dentro das instalações da BNM onde as pessoas poderão ter acesso a inúmeras obras que se encontravam nas bibliotecas de diversas instituições internacionais, incluindo agências das Nações Unidas.

Depois destes passos, a BNM tem agora o desafio de informatizar todo o seu acervo bibliográfico e das bibliotecas públicas espalhadas pelo país de modo a permitir que, gradualmente, estas instituições estejam ligadas a uma única rede.

História: primeiro hospital central do país corre risco de desabar na Ilha de Moçambique

Posted in Arquitectura, História, Moçambique with tags , on 13 de Abril de 2010 by gm54

O edificio onde funcionou o primeiro hospital central do país, na Ilha de Moçambique, em Nampula, está na eminência de desabar, devido à falta de trabalhos visando a sua restauração, enquanto não há definição por parte das instituições governamentais e parceiros ligados à matéria daquilo que será o destino daquele património histórico da humanidade.

O referido edifício é constituído por duas partes importantes sendo a principal que acomoda os serviços de administração, onde funciona a direcção distrital da mulher, saúde e acção social. Na parte traseira funcionam as enfermarias e serviços de consultas externas para servir uma cidade com cerca de 14 mil habitantes.

De acordo com o jornal Noticias de Maputo, uma parte do bloco administrativo foi tomada de assalto por funcionários públicos transferidos de outros distritos, os quais transformaram os compartimentos em habitação, sem o consentimento do governo municipal, segundo dados apurados pela nossa reportagem.

O governo da Ilha de Moçambique avançou há cerca de cinco anos com uma proposta ao Ministério da Saúde no sentido de concessionar o edifício, do primeiro hospital do país erguido há cerca de 137 anos, a um grupo privado ligado ao ramo de turismo. A ideia inicial era de transformar o imóvel em estabelecimento hoteleiro de quatro estrelas.

A proposta do referido grupo constituído por investidores norte-americanos, incluía a construção de raiz de um centro de saúde com serviços de maternidade, cirurgia, estomatologia, pediatria entre outros, numa área a ser definida pelas entidades do sector da saúde, entre a parte insular da Ilha ou a zona continental do Lumbo.

No entanto, o ministro da saúde, Ivo Garrido, distanciou-se dessa iniciativa que visava, segundo os preponentes, salvar aquele edifício que está num estado crítico de conservação, pois não beneficia de intervenção há mais de duas décadas.

Na ocasião, o titular da pasta da saúde reconheceu que a reabilitação do edifício onde funcionou o referido hospital e relegado ao nível de centro de saúde o Governo vai acarretar custos elevados para a sua reabilitação, os quais o Executivo não está em altura de os suportar.

Celestino Gerimula, director do Gabinete de conservação da Ilha de Moçambique, GACIM, disse quando indagado sobre o futuro do edifício em causa que a indecisão que prevalece em torno do aproveitamento daquela infra-estrutura está somente a contribuir para o agravamento dos níveis de degradação do referido património.

Acrescentou que tal situação dificulta a concretização dos esforços que estão sendo encetados no sentido de mobilizar fundos junto de parceiros internacionais integrados na rede liderada pela UNESCO, virada à restauração do património tangível da Ilha de Moçambique em que o edifício do antigo hospital central está integrado.

De referir que o actual centro de saúde a Ilha de Moçambique não reúne as condições exigidas para a prestação de cuidados sanitários, porquanto o tecto deixa infiltrar água para o interior das enfermarias e áreas concebidas para consultas externas. Alguns serviços indispensáveis como a morgue e estomatologia funcionam abaixo das suas capacidades, situação que propicia a deslocação dos pacientes para a vila de Monapo, onde os serviços são mais adequados.

Em Maputo: construção do monumento em memória de Samora Machel dentro dos prazos

Posted in História, Moçambique with tags , on 11 de Abril de 2010 by gm54

Esta estátua de Samora Machel está situada junto da Casa de Ferro, defronte do Pórtico do Jardim Tunduru, na cidade de Maputo

O presidente moçambicano,  Armando Guebuza, reafirmou que os trabalhos de construção, na Praça da Independência, cidade de Maputo, do futuro monumento em memória do primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel, estão dentro do prazo e serão concluídos até 2011.

Guebuza respondia a uma pergunta feita dos jornalistas no Senegal, onde ele juntamente com outros líderes africanos testemunharam a inauguração do gigantesco e magnífico monumento do Renascimento Africano, com 50 metros de altura, edificado nas vulcânicas colinas Ouakam, arredores em Dakar, capital daquele país da costa ocidental africana.

“Quando lançamos a primeira pedra concluímos que o mesmo devia ser feito em todas as capitais provinciais e indicou-se como horizonte temporal cinco anos que ainda não passaram”, explicou Guebuza.

O estadista moçambicano disse, por outro lado, que além da primeira pedra já existem em várias partes do país trabalhos de concessão e mesmo de construção daquilo que será o monumento em todas as capitais provinciais, representando a verdadeira dimensão de Samora Machel.

Guebuza disse, em Outubro de 2006, no lançamento da primeira pedra, acto que também coincidiu com a passagem do 20º aniversário da sua morte, que a melhor e mais indelével homenagem ao presidente Samora Machel é um Moçambique em paz e livre da pobreza, onde se consolida continuamente a unidade nacional.

Em relação a decisão de colocar o monumento de Samora Machel na Praça da Independência, lugar que é, na verdade, mais aberto a qualquer pessoa que visita a cidade, Guebuza disse ser ali que tiveram lugar as grandes realizações políticas, intrinsecamente ligadas ao percurso e liderança do fundador do Estado moçambicano.

Guebuza apontou, a título de exemplo, o facto de ter sido naquela praça que Samora Machel conferiu posse ao primeiro Governo de Moçambique independente e dirigiu comícios populares e foi nela onde foram anunciadas as mais importantes decisões com grandes implicações políticas, económicas e sociais.

O valor histórico da Praça da Independência reside também no facto de ser nela em que os moçambicanos disseram, segundo Guebuza, o seu derradeiro adeus a Samora Machel, líder carismático, nobre filho de Moçambique e de África e cidadão do Mundo.

Samora Machel morreu na sequência do despenhamento do avião presidencial em que seguia, nas colinas de Mbuzini, na África do Sul, quando regressava da Zâmbia. Com ele pereceram 34 membros da sua delegação, cujas reais circunstâncias da tragédia ainda não foram devidamente esclarecidas.

Exposição de fotografias mostra diplomacia do jazz durante Guerra Fria

Posted in Africa, Comportamento, História, jazz, Política, Política Internacional, Word Music with tags , on 9 de Abril de 2010 by gm54

O Departamento de Estado americano usou Duke Ellington, Louis Amstrong, Miles Davis e outros ícones do jazz como embaixadores culturais com fins políticos durante a Guerra Fria, conforme evidencia uma exposição de fotos em Tel Aviv.

Trata-se de uma exposição de 45 fotografias que exemplificam os peculiares e até há pouco desconhecidos esforços diplomáticos empreendidos em 25 países durante um quarto de século pelos astros da música norte-americana.

Intitulada “America’s Jazz Ambassadors Embrace the World” (“Os embaixadores americanos do jazz percorrem o mundo”, em tradução livre), a exibição é fiel reflexo da estratégia de Washington de recorrer às figuras do jazz para cativar os seus inimigos de meados dos anos 50 até fins dos 70.

Tal período inclui eventos históricos como a Crise dos Mísseis em Cuba (1962), a invasão soviética da Tchecoslováquia (1968) e a Guerra do Vietnam (1959-1975). Alguns deles custaram a Washington tensões com Moscovo e, outros, o descrédito em boa parte do mundo.

Para remediar a situação, a diplomacia americana decidiu enviar os gigantes do jazz aos quatro pontos cardeais que então contavam em termos de sedução ideológica: o Islão, a América Latina, a África Subsaariana e o bloco soviético.

O objectivo era apresentar o jazz como a face amável da cultura americana e como sinônimo de liberdade. A exposição apresenta diversas fotos históricas dos personagens retratados e o contexto diplomático de cada situação.

Entre as imagens, há cenas como a de Louis Amstrong a jogar pebolim com Kwame Nkrumah – pai do pan-africanismo e da independência de Gana -, tocando trompete sobre um camelo nas pirâmides de Giza e rodeado de crianças numa escola do Cairo.

Em outras, Dizzy Gillespie dirige uma motocicleta nas ruas de Zagreb, na antiga Jugoslávia de Tito, e utiliza as notas do seu trompete para estimular a dança de uma cobra em Karachi, no Paquistão.

A exposição também mostra o pianista Dave Brubeck a dar um show numa gélida Varsóvia ou a aterrar no aeroporto de uma calorosa Bagdad, por onde Duke Ellington também passou na mesma campanha e onde, além de tocar piano, fumou pela primeira vez um cachimbo d’água.

Ellington também viajou para Adis-Abeba para se reunir com o imperador Halie Selassie e a Dacar para ser condecorado com todas as honras por Leopoldo Sedar Senghor, pai da independência senegalesa e criador do conceito humanístico de “negritude”. Já Miles Davis aparece na exposição com a sua banda encantando o público de Belgrado.

Mas o grande destaque é uma foto na qual Benny Goodman cumprimenta Nikita Khrushchov quando ainda estava longe o reatamento diplomático entre Moscovo e Washington.

Nada era por acaso. Se para as viagens à África Negra se escolhiam músicos afro-americanos, para as visitas à antiga União Soviética se preferia brancos como Goodman, que interpretava jazz mas também música clássica europeia, muito apreciada em Moscovo.

A política do Departamento de Estado de fazer amigos através da música terminou antes do início da década de 80 e devido à oposição republicana de se gastar o dinheiro do contribuinte em empresas culturais e num gênero como o jazz.

Para o organizador da exposição, Doron Polak, “foi um grande êxito. A diplomacia do jazz conseguiu que a cultura americana se espalhasse pelo mundo como algo de todos.

Para melhorar a imagem dos Estados Unidos não havia música melhor para se escolher”.

“Podia ter-se optado pelo country, mas é uma música demasiado local, muito pouco universalista”, disse Polak em declarações à Agência Efe. Segundo ele, “foi uma iniciativa para utilizar a arte com fins políticos e de propaganda”.

Lembrou, no entanto, que “a utilização da arte para esses fins sempre existiu e continuará a existir”.

Swazilândia: o sapato preto e a pera abacate “Made in Mozambique”

Posted in Comportamento, Economia, História, Moçambique, Uncategorized with tags on 8 de Abril de 2010 by gm54

Uma "mamana" swazi experimentando um sapato, acossado por muitos miúdos vendedores de calçado no 'Shoprite' da Namaacha (Foto de EGMatos)

Se nos anos mais “quentes” da guerra em Moçambique, e até aos finais dos anos 90, a Swazilândia era o “El dorado” para os moçambicanos, hoje, aquele estatuto do país vizinho parece ter ficado para a história. Uma história triste, que nenhum moçambicano se atreve hoje a evocar por ter sido escrita com o sangue de centenas dos nossos conterrâneos e manchada pelo tratamento humilhante com que os “maswazis” nos brindavam.

A escassêz no nosso país do essencial para a sobrevivência – estou a referir-me a produtos tão simples como o pão, o açucar, a farinha de milho, arroz, óleo de cozinha e até sabão – resultado do nosso colapso económico devido à guerra dos 16 anos, levou os moçambicanos a terem que ir se abastecer daqueles produtos no mercado swazi. Diariamente, muitas centenas de concidadãos nossos, atravessavam a fronteira com o país de Sua Majestade para as compras, injectando na sua economia milhões de dólares que, numa situação normal em Moçambique, não entrariam nos cofres daquele país. Escusado será dizer que a guerra em Moçambique deve ter enriquecido muita gente, cá e lá.

Mas dizia eu que o “El dorado” swazi passou para a história, sendo que hoje, Moçambique, em paz, começa a ser o destino preferido dos nossos “irmãos” do outro lado, não só para compras, como também para a descoberta de uma outra realidade, muito mais dinâmica e menos estupificadora como aquela a que são obrigados a respeitar. Sabem do que estou a referir-me.

Se é verdade que moçambicanos há que ainda atravessam a fronteira da Namaacha para alguma compra do outro lado – sobretudo da carne bovina e suína – não o é menos que são aos magotes os cidadãos swazis que entram em Moçambique não só para adquirirem artigos de vestuário, como também para fazer turismo – ainda que barato – e, pasme-se, para provar a agua da grande lagoa salgada: o mar.

À quarta-feira e sábado, funciona na vila fronteiriça da Namaacha um mercado informal, informalmente chamado de Shoprite, onde, para além de produtos hortícolas, comes e bebes e quinquilharia diversa, se vende de tudo um pouco. Mas é sobretudo artigos de vestuário e principalmente calçado em segunda-mão o alvo preferido de muitas mulheres vindas da Swazilândia. No que ao calçado diz respeito, o curioso é que o mesmo deve ser de cor preta, sendo que é impossível encontrar um par que seja de uma outra matiz.

Muitas jovens swazis deslocam-se ao mercado da Namaacha para compras de algo para revenda no seu país

A explicação para esta preferência pela cor preta do calçado é tão simples quanto dramática: é a cor predominante nos fardamentos escolares dos diferentes estabelecimentos de ensino do país. A outra razão prende-se com o facto de quase todos os subditos de Sua Majestade acordarem todos os dias com a notícia do falecimento de um ente querido, vítima da Sida. O luto não é ocasional, uma vez que a chamada doença do século ameaça tornar a Swazilândia um país despovoado dentro de poucos anos.

Poucos estarão informados da forma quase doentia com que os nossos vizinhos apreciam a fruta da abacateira, fruta abundante na província de Maputo. Carregam-na em grandes quantidades para o seu país, onde a revendem a preços escandalosos para nós. Este é outro dos motivos da “invasão” swazi, sobretudo nos primeiros trés meses do ano, altura da pera abacate.

Depois das compras, esta senhora swazi arruma peças de vestuário e sapatos, enquanto aguarda pelo transporte para o seu país

A baixa de Maputo, ou, para ser mais exacto, alguns dos hotéis ali implantados, são literalmente ocupados por muitos jovens provenientes da Swazilândia, organizados em grupos excursionistas, interessados em conhecer uma cidade moderna, com atractivos diferentes dos das urbes do seu país e, mais do que isso, mais aberta em termos comportamentais. “Tá-se bem aqui”, imagino que deve ser isso o que dizem os jovens swazis.

Seria petulância da minha parte aferir, a partir deste volt-face nas relações entre as pessoas de ambos os países, que Moçambique é hoje o “El dorado” dos swazis. Nem pode ser, dado que as circunstâncias em que decorrem essas relações, não são ditadas por condicionalismos como guerra e escassêz de bens necessários à sobrevivência de uns e de outros.

A verdade porém manda concluir que se os moçambicanos não tiram proveito para se “vingarem” das humilhações a que foram sujeitos durante aqueles anos difíceis, que os vizinhos aprendam, de uma vez por todas, que um dia de um qualquer ano, também eles poderão ter que invadir o Mercado moçambicano para adquirirem o essencial para a sua sobrevivência. Até como espécie, sabe-se lá!

Filme “A Ilha dos Espíritos” apresentado na sede da UNESCO em Paris

Posted in Africa, Cinema, História with tags , , , on 14 de Outubro de 2009 by gm54
A película aborda a história da Ilha de Moçambique, que muito antes de dar o nome ao país, durante séculos, teve um papel fundamental no Oceano Índico, como ponto de escala para navegadores do Oriente e do Ocidente que procuravam alargar as fronteiras do mundo

A película aborda a história da Ilha de Moçambique, que muito antes de dar o nome ao país, durante séculos, teve um papel fundamental no Oceano Índico, como ponto de escala para navegadores do Oriente e do Ocidente que procuravam alargar as fronteiras do mundo

O filme moçambicano, “A Ilha dos Espíritos”, sobre a Ilha de Moçambique, foi projectado para um auditório constituído pelos participantes da 35ª. Conferência Geral da Organização para a Educação, Ciência e Cultura das Nações Unidas (UNESCO), que decorreu na sua sede, Paris, semana passada. A projecção fez parte de uma sessão especial sobre Moçambique, que teve como tema a “Diversidade Cultural e Desenvolvimento Sustentável”.

“A Ilha dos Espíritos”, um documentário de 63 minutos, foi realizado por Licínio de Azevedo e co-produzido pela Ebano Multimédia e Technoserve. Foi estreiado durante o IV Dockanema, Festival do Filme Documentário, que decorreu em Maputo de 11 a 20 de setembro último.

A película aborda a história da Ilha de Moçambique, que muito antes de dar o nome ao país, durante séculos, teve um papel fundamental no Oceano Índico, como ponto de escala para navegadores do Oriente e do Ocidente que procuravam alargar as fronteiras do mundo conhecido até então. Nela (película) intervêem um historiador especializado na ilha e um arqueólogo marítimo que traz à superfície tesouros há muito perdidos em naufrágios.

O quotodiano dos habitantes da Ilha de Moçambique, actividades, hábitos, cultura, é nos dado a conhecer por inúmeros outros personagens: um pescador que relata as aventuras na sua frágil embarcação; o “porteiro” da ilha que controla quem entra e sai dela pela ponte que a liga ao continente; uma famosa dançarina e animadora cultural; uma coleccionadora de capulanas e jóias antigas; uma conhecedora dos seres mágicos que povoam o imaginário colectivo dos ilheus.

Enojada com quem criou o concurso

Posted in Direitos Humanos, História with tags , , on 15 de Junho de 2009 by gm54

Slide - Sonson Pierre, de sete anos, na lama que invadiu a sua casa após o furacão Ike no Haiti

Por: Jackie Félix (jaquelina_f@hotmail.com)

Sou Portuguesa com muito orgulho pelo meu país, mas fiquei realmente enojada com quem criou o concurso (pode até parecer uma palavra demasiado forte, mas não é).

Nunca escutei uma palavra sobre as pessoas que realmente construíram alguns daqueles edifícios, nem sobre as muitas vidas envolvidas nesta expansão que levou o Português como língua e cultura aos outros povos e que de alguma forma (diferentemente de outros países que também o tentaram) ainda nos mantêm nas suas próprias culturas.

A maioria das pessoas esquece que o passado colonialista das muitas nações do nosso planeta envolveu escravatura.
Ao longo dos séculos foi assim. Os muitos impérios foram construídos com o sangue dos humanos que perdiam batalhas, que eram raptados ou simplesmente vendidos pelas famílias. Este flagelo não deixou de existir só porque os governos a tornaram proibida e a repudiam. Os chefes de estado que referem, são hipócritas, pois a escravatura ainda faz parte da construção dos respectivos países.

Tenho pena de só hoje ter tido conhecimento da vossa petição, mas mesmo assim digo: Obrigada!

Sete Maravilhas: Polémica chega a Maputo

Posted in Arquitectura, História, Moçambique, Portugal with tags , , , on 6 de Junho de 2009 by gm54
Igreja na Ilha de Moçambique, uma das "Sete Maravilhas"

Igreja na Ilha de Moçambique, uma das "Sete Maravilhas"

A polémica sobre “As Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo” chegou também a Moçambique, com acusações de “distorção da história colonial”, embora haja quem considere “empolada” a contestação.

“As Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo”, um concurso promovido por instituições portuguesas, nomeadamente pela televisão pública RTP, pretende a selecção, através de votação por internet, de sete dos lugares mais emblemáticos construídos durante o império colonial português.

Esta semana, um grupo de académicos de vários países do mundo criticou numa carta aberta os promotores do evento por considerarem que “distorcerem o passado sangrento da sua expansão colonial em África”.

Em Moçambique, “representado” no concurso pela Ilha de Moçambique, o diário de maior circulação do país, o Notícias, dedicou esta semana toda a página dois do seu suplemento cultural ao concurso, mas é na segunda coluna desse espaço que escreve: “Escravatura – Vergonha que Portugal prefere contornar”.

Citando a referida carta aberta, o jornalista Paul Fauvet, autor do texto inserido no Notícias, diz que “o Governo português e os organizadores do concurso ignoraram a dor daqueles que tiveram seus antepassados deportados desses entrepostos comerciais e muitas vezes ali mortos”.

“Será possível desvincular a arquitectura dessas construções do papel que elas tiveram no passado e que ainda têm, no presente, enquanto lugares de memória de imensa tragédia que representou o tráfico transatlântico e a escravidão africana nas colónias europeias?”, questiona o Notícias, com base na carta.

Em declarações à Lusa, o director do Arquivo Histórico de Moçambique e docente de História na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Joel das Neves, considerou “empoladas as críticas a essa iniciativa”, salientando que o concurso “assenta num contexto de valorização do património arquitectónico ligado a Portugal”.

“Se o argumento de que exaltar o aspecto arquitectónico dos monumentos é faltar ao respeito da memória dos que foram escravizados na edificação desse património, ainda se irá criticar a UNESCO por considerar a Ilha de Moçambique um património da humanidade”, observou Joel das Neves.

O director do Arquivo Histórico de Moçambique referiu ainda que “alguns dos monumentos que são o orgulho do Moçambique – pós independência foram edificados no contexto da dominação colonial portuguesa”.

“Compreendo a animosidade, mas a minha opinião é a de que se está a distorcer o espírito da iniciativa”, enfatizou Joel das Neves.